Das 94 cadeiras da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), 23 são ocupadas por mulheres, entre elas, está a Bancada Feminista do PSOL. O grupo é formado por cinco mulheres que se uniram em uma candidatura coletiva. Ao RDtv desta quinta-feira (07/03), uma das codeputadas deste coletivo, Carolina Iara, apontou a necessidade de a representatividade feminina na política ter preocupação com o conteúdo que quer apresentar e representar.
“O que temos que pensar é que essa representação não seja apenas estética ou uma representação que seja só forma e não seja conteúdo”, diz a codeputada que mostra a necessidade de avanços na política para que as mulheres sejam mais bem atendidas pelo Poder Público. Carolina relata que até mesmo pequenas regras aprovadas na atual legislatura só foram aprovadas pela união das deputadas, algo que não acontecia no passado.
O aumento do número de mulheres no Parlamento Paulista, para Carolina, foi um salto. “A Bancada Feminista teve quase 260 mil votos e o aumento das mulheres nos cargos legislativos mostra isso, que uma parte da população quer ser mais representada por mais mulheres. Porque temos uma maioria de mulheres na população, uma maioria negra na população e nós não temos essa proporção nos parlamentos”, inicia.
“Assim como temos uma comunidade LGBTQIA+ muito pujante, economicamente ativa, que traz uma série de contribuições para o PIB brasileiro e que não é representada nos parlamentos. Nós temos essa sub-representação nos parlamentos, por isso é muito importante aumentar cada vez mais”, segue Carolina que é uma mulher intersexo (pessoa que conta com características biológicas dos dois sexos) e que socialmente se apresenta como uma mulher trans.
A coparlamentar também defende que a participação deve ter um cenário coletivo, assim como aconteceu com a Bancada Feminista do PSOL, que começou com Carolina e Paula Nunes na Câmara de São Paulo, e aumentou com Simone Nascimento, Mariana Souza e Sirlene Maciel, na disputa para deputada estadual. Atualmente Paula é quem representa o coletivo no plenário.
O grupo, que defende o feminismo como agenda pública, com representatividade negra e popular, teve a terceira candidatura com mais votos no Estado, ficando apenas atrás de Eduardo Suplicy (PT) e Carlos Giannazi (PSOL). Essa coletividade é defendida por Carolina ao falar diretamente para as mulheres que querem ser candidatas.
“Dê o passo a frente, tenha essa coragem, vale a pena essa disputa. Mas não vá sozinha, nós podemos mais em grupo. (A filósofa feminista) Angela Davis fala que isso, que são as coletividades em marcha que fazem as transformações sociais e que que as mulheres negras movem o mundo. Por que ela fala no plural? Porque é uma coletividade que é a base da sociedade, que move as estruturas quando está junta.”, diz a codeputada.