Mulheres demoram, no mínimo, um ano para denunciar violência doméstica

Nos últimos anos, os números de feminicídios e de casos de violência doméstica no Estado de São Paulo cresceram de maneira alarmante. E apesar da implementação de delegacias de Defesa da Mulher em diversas cidades do Estado, a demora para prestar queixa de violência ainda é preocupante. Segundo estatística do Disque Denúncia, as mulheres demoram, no mínimo, um ano para denunciar uma situação de violência e, em média, esse tempo se estende de três a cinco anos.

Em entrevista ao RDtv, a titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema, Renata Cruppi, afirma que o aumento nos registros de violência doméstica se deve ao processo lento de denúncia, já que muitas mulheres não denunciam uma agressão de imediato. “As mulheres que sofrem com a violência tentam, em muitos casos, assimilar aquele violência a alguma atitude dela própria ou se foi realmente um ato agressivo ou não. Infelizmente, as mulheres acabam acreditando que a culpa da agressão foi delas e, por isso é importante que elas entendam seus direitos, tirem dúvidas sobre o assunto e não sofram sem buscar ajuda”, destaca.

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Demora na denúncia está totalmente ligada ao grande número de casos nos últimos anos

Renata acrescenta que apenas na Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema são atendidos, em média, oito a dez casos de registros de violência diariamente. Inicialmente, a assistente social realiza o acolhimento da mulher vítima de violência e faz os encaminhamentos necessários. Já nos casos em que as mulheres estão em situação desconfortável com o parceiro, quem é encaminhado é o homem, este para o programa Homem Sim, Consciente Também.

A Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema realiza, desde 2015, o programa Homem Sim Consciente Também em que proporciona diálogos e suporte a homens que possuem caráter violento. “São realizados oito encontros com esses homens, uma vez por semana, e conversamos sobre os motivos pelos quais eles se tornaram violentos, falamos sobre a questão jurídica, sobre o machismo e até sobre a questão dos maus tratos contra animais”, explica a delegada ao frisar que o programa em si já atendeu cerca de 600 homens e trouxe resultados positivos.

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