ABC tem quase 100 casos de dengue em um dia e prefeituras esperam mais recursos

A secretária de saúde em exercício, Priscilla Perdicaris, e Regiane de Paula, coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças do governo do Estado, anunciaram o estado de emergência. (Foto: Divulgação Governo de SP)

De acordo com o painel de monitoramento da dengue da Secretaria Estadual de Saúde, que é atualizado diariamente, o ABC tem 1.637 casos, 98 a mais do que no dia anterior. Além da morte confirmada em Mauá, São Bernardo tem dois óbitos sob investigação. No Estado já são 144.888 casos, 33 mortes confirmadas e 128 óbitos sendo investigados. Por conta disso o governo paulista decretou nesta terça-feira (05/03) estado de emergência, depois de ter superado a marca de mais de 300 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Vinte e duas cidades do Estado, decretaram estado de emergência, dentre elas Mauá. O decreto estadual pode significar mais recursos para os municípios.

Apesar do decreto de emergência em Mauá, a cidade ainda está bem abaixo dos 300 casos em cada grupo de 100 mil habitantes. Nesta terça-feira (05/03) a cidade estava com 482 casos confirmados segundo o painel de monitoramento, 42 a mais do que no dia anterior. O índice na cidade é de 115,24 casos por 100 mil habitantes. São Caetano tem um índice maior, com 225 casos, 29 a mais do que na véspera, o município tem índice 135,82/100mil habitantes.

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Santo André registra 497 casos confirmados de dengue desde o início do ano até esta terça-feira, 19 casos a mais do que no dia anterior. O índice por 100 mil habitantes é 66,36. Diadema somou mais 7 casos em um dia e está com 191 e índice de 48,6 por 100 mil moradores. Ribeirão Pires está com 36 casos, não teve alteração de um dia para outro e o seu índice é de 31,15. São Bernardo ficou com 201 casos e índice de 24,79 e Rio Grande da Serra tem o menor índice para cada grupo de 100 mil pessoas, 11,32. A cidade tem cinco casos confirmados de dengue.

Segundo o governo paulista o decreto permitirá que Estado e municípios implementem ações com maior agilidade e, também, possa receber recursos adicionais do governo federal. Cada município, a partir da análise de seu cenário epidemiológico, poderá utilizar a medida estadual para decretar emergência em âmbito local. Segundo portaria do governo federal, os incrementos financeiros para emergências deverão ser enviados ao Estado, a partir de agora, para investimento em vigilância em saúde, atenção primária e atenção especializada. Em São Paulo, os recursos serão destinados, prioritariamente, para aquisição de máquinas de nebulização e insumos, contratação de pessoas e ampliação da capacidade da rede.

Os casos confirmados de dengue terão prioridade nos leitos geridos pelo Estado. O ABC tem dois hospitais estaduais, o Serraria, em Diadema, e o Mário Covas, em Santo André. Para priorizar a transferência de pacientes na rede estadual, que necessitem de leitos de alta complexidade, a Secretaria de Estado atualizou a orientação para a Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), para que todos os pacientes suspeitos para dengue tenham prioridade. “É doença que se espalha rapidamente e ainda não vivemos o efeito que outros estados já enfrentam. O decreto vai colaborar para a tomada de decisões mais rápida”, ressaltou Geraldo Reple, secretário de saúde de São Bernardo e presidente do Cosems (Conselho de Secretários Municipais da Saúde de São Paulo).

Números das prefeituras são ainda maiores e cidades aguardam orientação estadual

Os números apresentados pelas prefeituras até a noite desta terça-feira (05/03) são ainda maiores do que aqueles computados pelo Estado. As prefeituras disseram que vão aguardam orientações do governo paulista sobre como proceder após o estado de emergência decretado pelo governo.

Em São Caetano, a prefeitura informou que já são 286 casos confirmados ou 172,65 casos por 100 mil habitantes. “O número de casos do município ainda não justifica decreto municipal de emergência. Vamos aguardar determinação do Governo do Estado e acompanhar as decisões da região”, informa a prefeitura em nota. A cidade tem dois pacientes internados na rede municipal.

Diadema aponta um número menor do que os do Estado, segundo o município são 186 casos da doença, índice de 47,3 casos por 100 mil habitantes. “A situação é crítica, pois os casos notificados estão crescendo exponencialmente, com aumento gradativo dos casos positivos. Há a possibilidade de solicitar recurso emergencial ao Ministério da Saúde. O Governo do Estado já liberou uma parcela de recurso para custeio das ações municipais”, sustenta a administração diademense em nota. A cidade tem um paciente com dengue internado no hospital municipal.

Já São Bernardo não tem ninguém internado ou mortes pela doença, mas contabiliza um número bem maior do que os informados pelo governo estadual. Segundo a prefeitura são 251 casos, índice de 30,9 casos por 100 mil habitantes. A prefeitura informa que ainda não é o caso de decretar estado de emergência e que “segue segue monitorando os casos de dengue na cidade, por meio do Comitê de Combate às Endemias. As equipes do Centro de Controle de Zoonoses estão trabalhando diuturnamente na prevenção, conscientização da população e combate à doença”.

Rio Grande da Serra informa que os casos de dengue já confirmados correspondem a mais do que o dobro daqueles que o Estado tem notícia. Enquanto a secretaria estadual contabiliza 5 casos a prefeitura conta 14, o que dá 31,7 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. “Até o momento, nada mudou, o Estado de São Paulo encaminhou recurso aos municípios para o custeios de ações de combate de arboviroses no início do mês de fevereiro, valor este calculado com base na população de cada município. Cabe esclarecer que nos termos da Portaria GM/MS Nº 3.160, de 9 de fevereiro de 2024, quando o município se enquadra nos critérios e decreta estado de emergência, são estabelecidos recursos para incremento financeiro de custo para resposta a emergências em saúde pública”, detalha a prefeitura.

Os números de Ribeirão Pires são igualmente maiores do que os oficiais informados pelo Estado. São 38 casos, ou 32,9 por 100 mil. “A Prefeitura de Ribeirão Pires, por meio da Secretaria de Saúde, esclarece que o município realizará uma reunião junto ao GVE para avaliar junto ao órgão a situação atual da região metropolitana e medidas a serem tomadas”.

Santo André demonstrou preocupação também. “Pelo cálculo epidemiológico, Santo André não se encontra em epidemia, mas vemos com preocupação o aumento no número de casos, e temos tomado todas as medidas sanitárias cabíveis, assim como temos um Plano de Contingência que envolve toda rede municipal de saúde”, diz a prefeitura em nota. O número da prefeitura de casos confirmados é ligeiramente menor do que os que o Estado dispõe, 480, o que tá um índice de 64 casos por 100 mil habitantes. A cidade tem seis pacientes internados.

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