Todos os anos, ações de conscientização sobre o câncer de mama ou do câncer do colo do útero deixam mulheres em alerta sobre a importância de realizar exames anuais para evitar doenças, mas as enfermidades mais letais acabam deixadas de lado. Consideradas principal causa de morte em mulheres, as doenças cardiovasculares devem ser vistas com a mesma gravidade que certos tipos de câncer são tratados em mulheres.
Em entrevista ao RDtv, a ginecologista e professora da disciplina de ginecologia no Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Elizabeth Nasser, afirma que mulheres devem ter consciência da importância de realizar aferição da pressão arterial e glicemia em qualquer oportunidade. “Em exames de rotina, caso o médico não faça aferição ou meça a glicemia, peça para que o faça e garanta que sua pressão está normal e que o açúcar no seu sangue está regulado”, orienta a médica ao frisar que doenças cardiovasculares, em muitos casos, não possuem manifestações e, por isso, é importante estar sempre atenta.
Elizabeth ressalta que mulheres que já possuem histórico de doenças cardiovasculares na família devem ficar ainda mais atentas a qualquer sinal de mudança na pressão arterial e na glicemia. “Existem também os fatores de risco como o sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e, se somados a uma predisposição genética, podem causar graves doenças cardiovasculares”, alerta. Segundo ela, é importante enxergar as doenças da mesma forma que se enxerga o câncer de mama, com exames preventivos anualmente e atenção a qualquer alteração.
A ginecologista acrescenta ainda que a preocupação em torno do câncer de mama e do câncer de colo do útero gerou aumento significativo na busca por exames preventivos. “Esse aumento tem relação com o crescimento da expectativa de vida: quanto mais velhas as pessoas, mais doentes elas ficam e, com isso, o número de exames realizados cresce”, explica.
Ao ser questionada sobre o impacto do trabalho na saúde das mulheres, Elizabeth comenta que a alta demanda de trabalho de mulheres no últimos anos causou efeitos na saúde mental. “O público feminino é o mais afetado pela síndrome de burnout e muito disso está justamente ligado a rotinas excessivas, alta cobrança e busca por resultados. Existe uma exaustão muito grande ao realizar as tarefas no trabalho, mas acaba refletindo na vida dentro de casa e, é importante cuidar da saúde mental tanto quanto a saúde física já que uma acaba interferindo na outra”, finaliza.