Nesta segunda-feira (4 de março), é celebrado o Dia Mundial da Obesidade, que retoma a discussão sobre a importância da prática física e da alimentação saudável para evitar o excesso de peso. Ao RDtv, o médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), Durval Ribas Filho, comenta sobre a relevância da data, justo em um momento em que os índices de obesidade aumentam entre os brasileiros.
Segundo levantamento realizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de um bilhão de pessoas no mundo, um a cada oito, vivem com obesidade. No Brasil, essa estática é ainda mais preocupante: considerando somente a população adulta, uma pessoa é obesa a cada quatro, segundo o Ministério da Saúde. “É preocupante ver como esses números crescem a cada ano, em que inclui desde a criança até o idoso”, diz Ribas.
Quando se fala em crianças obesas, o assunto obesidade toma outra proporção. Isso porquê uma criança que tem sobrepeso se torna um adulto com predisposição a outras doenças, como diabetes, hipertensão, aumento de colesterol e problema na coluna. Além disso, há problemas sociais que envolvem a questão psicológica como depressão, tristeza, ansiedade excessiva e baixa autoestima, desencadeadas pelo excesso de peso.
O médico explica que boa parte dos fatores que tornam uma criança obesa envolve tanto a questão genética – em que há um chance entre 48% a 68% da criança ser obesa, caso algum dos pais tenha sobrepeso -, quanto a questão epigenética, que envolve desde a gravidez, caso a grávida ganhe 24kg ou mais durante a gestão.
Apesar de correr riscos genéticos antes mesmo do nascimento, Ribas destaca a mudança de hábitos ao passar dos anos como um dos fatores que potencializaram o crescimento no número de obesos. “O tempo que ficamos na frente do computador, sentado por muito tempo, ou mesmo quando utilizamos por vezes o controle remoto, estamos tendo um menor gasto energético. Ou seja, não só a genética, mas o próprio ambiente que estamos colabora para a estatística”, explica.
Para identificar se uma pessoa esta acima do peso, é realizado o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal), que através de uma conta, (dividindo o peso pela altura duas vezes) encontra em qual escala de peso que o individuo está. Caso esteja entre 18.5 a 25 pontos é considerado normal, de 25 a 30 é considerado sobrepeso e acima de 30, se determina obesidade em três níveis: de 30 a 35, de 35 a 40 e acima de 40, representando uma escala gradativa da doença.
Para o médico nutrólogo, o poder público deve ter um novo olhar para a obesidade afim de evitar o crescimento dos números, e segundo ele, o tópico principal está na escola. “Na grade escolar das unidades de ensino, a Educação Física está em terceira ou quarta prioridade. Essa desvalorização faz com que os alunos fiquem mais tempo em sala de aula, sendo assim, gastando menos energia”, aponta.
Para tratar a obesidade, Ribas explica que existe uma pirâmide progressiva que serve como guia para lidar com a doença. Essa pirâmide consiste em iniciar pela base, em que se encontram a alimentação balanceada e atividade física, logo segue para mudanças cognitivas e comportamentais, em seguida, o uso de medicamentos, e em caso mais extremos, a cirurgia bariátrica ou metabólica. Para acompanhar toda essa trajetória, Ribas destaca um fator crucial para garantir a efetividade do tratamento: acolhimento. “Muito se fala de atividade física e da educação nutricional, e pouco se fala sobre o lado psicológico da questão. O obeso precisa ser acolhido com carinho, amor, amizade, e principalmente compreensão”, explica.