Os hábitos de consumo das pessoas mudam de geração para geração, e com toda a tecnologia disponibilizada, até a terceira idade sofre os impactos. Ao RDtv, a publicitária especialista em Gerontologia e cofundadora da MV Marketing, Bete Marin, comenta sobre como as pessoas acima de 50 anos mudaram a forma de relacionamento das empresas, e como essa é uma necessidade urgente no meio empresarial.
O movimento, criado pela a Oxford Economics, que configura o nicho de mercado destinado a consumidores de faixa etária acima dos 50 anos se denomina “economia prateada”, em alusão aos cabelos grisalhos que surgem na terceira idade. O envelhecimento da população com mais saúde e qualidade de vida cria um mercado com grande potencial de consumo, em que produtos e serviços são cada vez mais direcionados para esse público. Dados da Data8, consultoria especializada nesse público, indicam que essa faixa etária movimenta R$ 2 trilhões ao ano no Brasil.
“A população brasileira envelheceu muito rápido em comparação ao restante do mundo. Nascem menos pessoas, e pessoas vivem por mais tempo, isso é o que chamamos de revolução demográfica”, explica Bete. Ela diz que essas pessoas, que se enquadram nas gerações baby boomers (nascidos entre 1945 e 1964) e a geração X (nascidos entre 1965 e 1981), tem se tornado uma nova maturidade, que segundo ela, não é bem representada pelas empresas em suas formas de comunicar com esse público. “O idoso hoje não é mais aquele que fica no canto, não se mexe e quer só ficar em casa. Hoje ele é mais ativo, e as empresas precisam entender isso”.
Nesse caso, a especialista sugere uma repaginação na forma com que o idoso acima dos 50 anos é representado no mercado. Bete diz que é preciso acontecer um “letramento” do perfil desse público, entendendo suas necessidades, desejos e anseios. Além disso, comenta que empresas devem se interessar em adaptar seus produtos ou serviços, ou mesmo melhorar o relacionamento com essa pessoas.
Bete define a necessidade dessa mudança em uma palavra: representatividade. “A realidade é que rótulos que dizem ser ‘antienvelhecimento’ mais distanciam do que aproximam esse público. As pessoas nessa idade precisam saber que elas não estão sozinhas, e que existe uma parcela do mercado que tem interesse em suprir as suas necessidade”, explica. Ela sugere ainda que campanhas comerciais incluam idosos fora do estereótipo, para mostrar o potencial do nicho.
Através de um mapeamento, a especialista comenta que há três principais grandes grupos de consumo que são habituais na vida desse público: gastos com saúde (assistência médica, remédios), gastos residenciais (aluguel, água, luz, etc.) e gastos com alimentação de modo geral. “Se o mercado fosse mais visionário e aberto para esse público, provavelmente teriam segmentos como entretenimento, viagens e outros interesses surgindo entre essas pessoas. As empresas precisam investir nesse movimento, pois ele é o futuro”, comenta Bete.