Levantamento da IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) mostra que o ambiente escolar está no topo da lista de locais em que os brasileiros afirmam ter sofrido violência racial, sendo que a cada 10 pessoas, 3,8 foram vítimas do preconceito em escolas, faculdades ou universidades. Ao RDtv, Vivian Viegas, coordenadora do Programa Diadema de Dandara e Piatã, da Secretaria de Educação de Diadema, comenta sobre os números, além de medidas adotadas para combater atos raciais nas escolas.
Quando falamos de educação, diz, pensamos na pré-escola, onde se começa o convívio em sociedade, conhecendo novas pessoas. Vivian explica que no Brasil, o racismo é estrutural, e que a educação em sua fase inicial sofre com isso. “O racismo começa logo no berçário, quando se tem mais preferência por cuidar de crianças brancas do que pretas. Em consequência, a escola segue nesse ritmo e por vezes normaliza esses pensamentos”, diz ao comentar que no ensino fundamental é onde acontece a maior parte dos casos de violência racial.
Vivian comenta também que em casos de racismo na escola, as denúncias não ocorrem com tanta frequência, pois normalizam o ocorrido como um caso pontual. “E é nesse ponto que entra o professor, que precisa ser capacitado o suficiente para entender que o que pode acontecer na escola pode ser um ato racista”, afirma.
Para orientar docentes a entenderem melhor como o racismo se estabelece nas escolas, Vivian comenta sobre o letramento racial. Esse processo visa a reeducação racial que reúne um conjunto de práticas com intuito de desconstruir formas de pensar e agir naturalizadas e normalizadas socialmente, em relação a pessoas negras e pessoas brancas.
De acordo com a Lei 10.639, promulgada há 20 anos, se tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Apesar da lei, segundo Vivian, não há efetividade na aplicação, pois “muitos professores não veem a obrigação de lecionar esse tipo de assunto, e as vezes, não é nem culpa do professor, e sim de sua formação que não teve em sua grade a inserção desse tipo de questão”.