
A explosão dos casos de dengue nos últimos meses tem aumentado a expectativa pela vacina contra a doença, o problema é que a vacina chegará através do SUS (Sistema Único de Saúde) para poucos locais e apenas para algumas pessoas. Enquanto o laboratório Takeda, fabricante da Qdenga, prioriza sua produção para atender ao sistema público de saúde, nas farmácias o imunizante já falta. Enquanto isso na região os casos de dengue cresceram 2.600% comparando as seis primeiras semanas de 2023 com o mesmo período deste ano.
As redes de drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo informaram que a procura por testes aumentou 2.000% em janeiro, se comparado com o mesmo período de 2023. Só entre dezembro e janeiro o aumento foi de 170%. Já quanto às vacinas o aumento foi de 400% comparando dezembro com janeiro, sendo que neste último mês foram aplicadas mais de 1,3 mil doses. A rede que reúne as duas marcas de drogarias informa ainda que produtos relacionados, como repelentes tiveram 200% de alta. Os números são nacionais e em razão disso já há limitação momentânea na disponibilidade dos imunizantes em farmácias.
“Notamos que as vendas de repelentes e demais itens para prevenção, como os exames, começaram a alavancar a partir do dia 20 de janeiro e já registramos o aumento de mais de 138% nas vendas diárias, se comparado com o primeiro dia de fevereiro de 2024”, afirma Kefren Junior, Gerente Executivo de Negócios do Grupo DPSP.
Na rede que reúne as farmácias Raia e Drogasil, também explodiu a procura. “Diante da forte alta da demanda pela vacina da dengue e da opção do fornecedor em priorizar o atendimento ao setor público, há uma redução de estoques das vacinas da dengue em nossas farmácias. Para quem já tomou a primeira dose nas redes Raia e Drogasil, no entanto, a segunda dose estará disponível nas nossas filiais”, informou a rede, em nota.
A procura por testes para detecção de dengue na rede Raia/Drogasil também cresceu, mas não há falta de testes. “Não há falta de testes. O crescimento da procura de testes de dengue foi de 700% entre novembro e início de fevereiro nas farmácias Raia e Drogasil em todo o país”, aponta o comunicado. Na rede a vacina custa R$ 349,90 e pode ser parcelada em até 10 vezes sem juros. O teste de dengue custa R$ 39,90.
Proteção
O custo é o maior ponto negativo para a vacina pois ela em que ser aplicada em duas doses com intervalo de três meses entre cada aplicação, portanto ela vai sair por cerca de R$ 700. Para o médico infectologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvêncio Furtado, do ponto de vista da saúde pública, a vacina só trará um efeito importante quando grande parcela da população estiver imunizada, mas do ponto de vista individual a vacina é bastante efetiva para o cidadão que tomar. “Para termos um efeito prático precisamos de um número muito grande de pessoas vacinadas, mas claro que se tiver condição e pessoa pode tomar a vacina porque ela tem 86% de eficiência contra os quatro subtipos da dengue”.
Para o médico a melhor e mais barata solução mesmo é cuidar dos quintais e cobrar das prefeituras que cuidem das bem áreas públicas. Furtado diz que a situação de mais casos e até de mortes em relação à dengue é causada pela falta de cuidado principalmente da população em relação aos locais propícios para a reprodução do mosquito. “O Aedes Aegypti não voa muito, ele não vai do sul para o norte, ele fica por perto, então as pessoas tem que ter cuidado com seus quintais, combater os criadouros é a principal medida a ser tomada, mas as pessoas esquecem. Por isso é preciso se falar disso nas escolas, nos meios de comunicação, nos postos de saúde. Todo ano é assim, desde que o mosquito foi reintroduzido no país nos anos 70 que nas épocas de chuva os casos aumentam, mas as pessoas relaxam”, sustenta Juvêncio Furtado.