Nos últimos anos, a constante busca pela beleza ideal, criada a partir da popularização das redes sociais, fez com que a procura por procedimentos estéticos crescesse de maneira significativa, assim como as complicações causadas por essas intervenções. Para aqueles que planejam realizar qualquer tipo de procedimento estético, é importante fazer extensa pesquisa sobre o profissional que irá realizar a operação, a fim de garantir que os resultados sejam seguros e que, em casos de complicações, o especialista esteja disposto a ajudar.
Em entrevista ao RDtv, a dermatologista Catarine Padoveze destaca que no momento de escolher um dermatologista, é essencial verificar se o profissional em questão é realmente especialista na área, assim como saber se o mesmo possui o Registro de Qualificação de Especialista (RQE), além de fazer parte da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Muitas pessoas buscam um profissional pelo valor do serviço, mas o mais importante é garantir que o médico seja capacitado, trabalhe com os produtos corretos, explique os riscos e, durante a consulta, ele deve tirar todas as suas dúvidas sobre o procedimento”, afirma.
A especialista cita um caso recente de uma influencer do interior de São Paulo que teve a boca deformada e perdeu parte do lábio superior depois de realizar uma harmonização facial em que foi aplicada a substância plástica PMMA utilizada para preenchimentos em tratamentos estéticos faciais e corporais, sobretudo para aumento dos glúteos e que não deveria ter sido utilizada nos lábios.
“Esses caso é apenas um dos noticiados, mas já recebi muitos pacientes que não fizeram procedimentos com profissionais capacitados, normalmente por buscar pelo valor e não pela qualidade, e acabaram vindo até o meu consultório para tentar arrumar o que havia sido feito e, muitas vezes, eles nem sabem que produto foi aplicado”, ressalta.
A advogada e membro da comissão de direito médico da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Luana Sarkis, reforça que uma das principais críticas a profissionais que não são inteiramente qualificados está justamente na capacidade do deste profissional de lidar com possíveis complicações e não na capacidade de realizar esses procedimentos. “A partir do momento que um paciente sofre qualquer tipo de dano, é interessante que esse paciente procure um advogado, que já esteja atuando no direito médico, para que ele consiga enviar uma notificação extrajudicial ao médico, perguntar o que aconteceu, propor um acordo e, caso não seja possível, tornar a situação um processo judicial pedindo um pagamento por conta dos danos”, diz.
Luana conta ainda que o número de casos de pacientes que buscam a comissão de direito médico por conta de problemas e complicações em procedimentos estéticos cresceu muito nos últimos anos. “Um dos casos mais recentes que cuidei foi relacionado a um procedimento de varizes, que acabou evoluindo para uma necrose severa. Isso não gerou apenas um dano moral, que é quando uma pessoa é afetada em seu ânimo psíquico, moral e intelectual, mas também foi um dano material, por conta do valor do próprio procedimento e dos outros realizados para resolver a complicação. Por isso é importante que os médicos esclareçam tudo sobre o procedimento, esteja disposto a ajudar o paciente em caso de eventuais problemas, estar com a documentação necessária e demonstrar uma preocupação genuína com o bem-estar do paciente”, finaliza.