Mais de 30 dias após a demolição do Observatório Astronômico, no Jardim Inamar, a Prefeitura de Diadema ainda não apresentou laudos solicitados pelo Conselho do Patrimônio Histórico que comprovem que o imóvel estava com risco de desabamento e que a atividade de observação não era mais possível por conta do adensamento populacional no entorno. As duas situações foram alegadas pela administração para demolir o prédio, patrimônio cultural da cidade, dia 12 de janeiro, sem consulta ao conselho. Em nota, a Prefeitura apenas diz que vai apresentar a documentação solicitada.
Em reunião na semana seguinte à demolição, o Conselho do Patrimônio solicitou documentos e laudos. Mas isso ainda não aconteceu. Segundo o conselheiro Osmir Pereira da Rocha, o conselho ainda não recebeu sequer o projeto da futura creche que a Prefeitura quer construir no local. “Nos disseram que é uma obra feita através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, mas nem foi aprovada ainda. A Prefeitura nos disse que o prédio não tinha mais condições de ser recuperado, isso deve ter um laudo, então que apresente. Também disseram que aquela região, por causa do adensamento e a luminosidade à noite, não permitiria mais a observação então eles também devem ter um laudo que atesta isso, nós pedimos, mas não encaminharam nada de forma oficial ainda”, lamenta.
Exigências
O Conselho do Patrimônio Histórico já definiu que quer reparação pela demolição, ou um memorial, ou até mesmo a reconstrução do prédio no mesmo local. A Prefeitura, por sua vez, tem alegado que o uso do equipamento não era viável e diz que vai compensar com o ensino de astronomia por meio de convênio com a Unifesp. “Se é para compensar tinha de ser algo parecido, a Prefeitura quer trocar o Observatório que era um local de observação e divulgação científica, para levar crianças no planetário em São Paulo ou no Sabina, em Santo André, nada contra mas é uma proposta totalmente diferente. Parece que não entenderam o que é divulgação científica que desperta os jovens para o pensamento científico, tão importante nos dias de hoje e que estamos carentes disso”, diz Rocha. O Conselho do Patrimônio Histórico também solicitou que a Prefeitura apresente o telescópio que diz ter guardado, pois ainda não teve acesso ao objeto.
A Prefeitura disse que vai apresentar os laudos que comprovem a necessidade da demolição. “Apesar de ser o desejo da atual administração, não havia condições técnicas para manter o observatório. O espaço que abrigava o Centro Cultural Inamar vai contar com uma creche com cinco salas e capacidade para atender 94 crianças em tempo integral. A região Sul da cidade é a que tem maior demanda por creches. O projeto aguarda aprovação junto ao governo federal. As atividades de formação em parceria com a Unifesp para o ensino de astronomia serão iniciadas neste semestre. Toda a documentação solicitada pelo Conselho do Patrimônio será apresentada em breve e os objetos com valor histórico serão encaminhados ao Centro de Memória”.