Número de policiais mortos em 38 dias deste ano supera 1° trimestre de 2023

Trecho de vídeo mostra policial e companheira caídos após troca de tiros. (Foto: Reprodução)

Os números oficiais da Secretaria de Segurança Pública mostram que em todo o Estado seis policiais morreram neste ano até essa quarta-feira (07/02). O número já é maior do que o primeiro trimestre inteiro de 2023 que contabilizou cinco policiais mortos. Em todo o ano passado 26 policiais, entre civis e militares, morreram no Estado. Na terça feira (06/02) um policial militar de folga foi baleado por dois homens, em Santo André; ele está internado no Hospital Mário Covas e não corre risco de morrer. A pasta da segurança diz que não há relação entre os crimes e descarta uma ação coordenada como ocorreu em 2006, quando facção criminosa coordenou ataques contra forças policiais no Estado.

O crime de Santo André aconteceu no início da noite no Jardim Santo Alberto. O policial andava de moto com a namorada na garupa, quando outros dois homens em outra motocicleta atiraram contra ele. O casal caiu da moto e mesmo baleado o policial reagiu e os criminosos fugiram. O pm foi socorrido e está internado. O caso foi registrado como homicídio no 2° Distrito Policial da cidade.

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Pelo menos outros cinco policiais foram agredidos em um período de 48 horas na Grande São Paulo, um deles morreu. O episódio fatal aconteceu na Pompéia, onde o policial civil, Paulo Henrique Silva, entrou em luta com um motociclista que queria levar seu celular, mas foi baleado. Além do celular o bandido fugiu com a arma do policial. A vítima ainda foi socorrida no hospital São Camilo, mas morreu. O crime foi registrado como latrocínio.

Em nota a SSP diz que só nos 38 dias deste ano foram registradas as mortes de quatro policiais militares em serviço, uma de um militar aposentado e outra de policial civil, este último Silva. Apesar dos números a secretaria não vê uma ação coordenada contra as forças de segurança. “A Secretaria da Segurança Pública lamenta profundamente os episódios que vitimaram agentes das forças policiais, e reforça que os crimes não estão relacionados e ocorreram em situações distintas. Confrontos com as forças de segurança são resultado do combate ao crime organizado que vem sendo realizado pelas polícias de São Paulo, que investiga todos os casos para identificar e prender os autores. A SSP investe de forma permanente em políticas públicas de combate à criminalidade, reforço do patrulhamento ostensivo e investigação criminal baseadas em inteligência e uso de tecnologia para a proteção da população e também dos próprios policiais. É importante reforçar que a pasta também oferece apoio às famílias dos policiais vítimas de criminosos”, diz a pasta, em nota.

Ataques

Para o professor de Direito Penal e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), David Pimentel Barbosa de Siena, não há motivos para acreditar que essas ações sejam coordenadas como uma frente de ataques às instituições policiais, tal qual como ocorreu em 2006 quando a facção criminosa que age dentro e fora dos presídios orquestrou uma série de ataques a delegacias e bases policiais que vitimaram dezenas de agentes de segurança. No mês de maio daquele ano foram registradas 564 mortes relacionadas as ataques, sendo 505 civis e 59 agentes públicos.

“Eu acho que o que acontece agora o é um replay de 2006. Ainda não há elementos que comprovem isso. Eu vejo que os policiais hoje estão tão sujeitos à violência como qualquer outra pessoa e podem ser vítimas de situações que podem levá-los à morte”, avalia o professor. As situações que podem ser fatais é a reação armada, ou a simples identificação pelo criminoso de que a vítima é um policial.

Segundo Siena a letalidade policial e a vitimização policial veem caindo bastante desde os anos 90, e os números apontam para situações em que o policial está de folga, na maioria dos casos. “Essa queda ocorre na mesma proporção em que a polícia tende a ser menos violenta. Quando ela mata mais, consequentemente mais policiais morrem também. Avaliando porque policiais são mais atacados nas horas de folga, isso tem a ver com o momento em que ele está mais vulnerável, porque em geral os criminosos têm a seu favor o fator surpresa e é impossível estar atento o tempo inteiro, uma hora vai baixar a guarda. Na folga o policial não tem o apoio dos equipamentos e dos colegas então esse efeito surpresa é o grande drama, é a vulnerabilidade do policial”, comenta o coordenador do Observatório.

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela Tv Globo mostram o momento em que o policial militar é agredido a tiros em Santo André

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