Dengue avança enquanto prefeituras mantém a mesma estratégia de combate

Aedes encontra melhores condições para se proliferar no verão, período de chuvas mais intensas e quando há mais acúmulo de água. (Foto: divulgação/Fiocruz)

As prefeituras do ABC mantém as estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti, mas o número de casos da doença continuam a aumentar na região. No ano passado, o número de casos, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, foi de 766 casos no ABC, número 8,8% maior que no ano anterior quando foram diagnosticados 704 casos da doença.

Comparados os dois anos Rio Grande da Serra foi a que aumentou percentualmente mais o número de infectados, passando de um caso em 2022 para cinco no ano passado, diferença de 400%. Na cidade vizinha de Ribeirão Pires o crescimento foi de 71,4% passando de 14 para 24 casos, percentual que só não foi maior do que o de Santo André, que acumulou uma alta de 78,2% comparando os dois anos. Diadema registrou alta de 30,8% (de 175 casos em 2022 para 229 no ano passado).

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Neste ano essas três cidades que puxaram os números para cima no comparativo continuam com os números importantes. Ribeirão Pires teve quatro casos registrados em janeiro deste ano, sendo um deles importado, ou seja, que veio de fora do município. No ano passado, no mesmo mês, a cidade teve apenas um caso. Diadema já registrou esse ano três casos, todos autóctones, ou seja, doença adquirida na própria cidade, contra seis em janeiro de 2023, uma pequena queda. Rio Grande da Serra e Santo André não responderam.

Quedas

Três cidades tiveram queda se comparando os totais anuais dos últimos dois anos, porém não o suficiente para que o ABC tivesse um número menor de doentes. Mauá, que teve uma sensível queda no número de casos; foram 90 casos em 2022 e 83 no ano passado, voltou com números expressivos este ano. Em janeiro de 2023 foram contabilizados quatro casos e neste ano até o momento já foram 27 casos, ou seja, os casos se multiplicaram quase sete vezes.

Outra queda importante no comparativo ano a ano, foi de São Bernardo que viu cair os números em 50,29% (169 casos em 2022 contra 84 em 2023). Nesse ano a cidade confirma a tendência de queda, em janeiro até o momento, foram 44 casos contra 88 em janeiro de 2023.
Outra queda foi em São Caetano, de 36,36% (99 para 63 casos) na comparação dos dois últimos anos. Considerando apenas os meses de janeiro, a cidade também mantém a tendência de queda, foram seis casos em janeiro de 2023 e um caso este ano.

Ações

As prefeituras atuam da mesma forma no combate à proliferação do mosquito transmissor da dengue e também de outras doenças como zika e chikungunya. Outra estratégia seria a vacina contra a dengue, mas ela ainda está longe de chegar no ABC, a produção pequena do imunizante fará os primeiros frascos chegarem apenas à cidades com grande número de casos e a região ainda não está na lista das cidades que vão receber a vacina. Mesmo com os números crescendo as cidades mantém as mesmas ações que já faziam antes. Ribeirão Pires, por exemplo, diz que conta com “mais de 600 armadilhas de disseminação do mosquito Aedes aegypti, que foram instaladas em em parceria com a Biovec Brasil, em março de 2023”.

São Caetano informa que segue as diretrizes do plano nacional para controle do mosquito, fazendo vistoria e pontos estratégicos, em imóveis com grande circulação de pessoas e faz nebulização para matar os mosquitos e as larvas.

Diadema fiz que intensificou as ações desde novembro do ano passado e, neste mês, fez a primeira avaliação do ano de densidade larvária para verificar os níveis de infestação, esse estudo é feito a cada três meses. “Além disso, as equipes de agentes de controle de zoonoses, endemias e comunitários de saúde realizam, durante as visitas, a orientação para que a população adote medidas para acabar com possíveis criadouros do mosquito da dengue”, diz a administração diademense.

São Bernardo realiza mutirões para eliminar os possíveis criadouros e ampliar a conscientização da população quanto às medidas preventivas, feitos em regiões mais propícias ao mosquito. Cerca de 100 estabelecimentos vazios estão sendo monitorados pelas equipes de combate às arboviroses no município, no momento.

Da mesma forma Mauá vistoria locais de risco. “No município, os agentes de endemias da Gerência de Zoonoses realizam vistorias em imóveis e orientam sobre as doenças causadas pelo inseto. O trabalho inclui visitas em domicílios, pontos estratégicos (ferros-velhos), imóveis especiais (unidades básicas de saúde e escolas, por exemplo) e bloqueios em regiões de casos suspeitos, além da Avaliação da Densidade Larvária, para verificar a infestação. Após a Secretaria de Saúde ser notificada sobre um caso de dengue, zika ou chikungunya, a ação é intensificada em um raio de 200 metros (cerca de nove quarteirões) do imóvel para eliminar focos do mosquito e fazer a busca ativa de novos casos suspeitos”, informa o paço de Mauá.

Vigor
As ações de combate à dengue, e também à zika e chikungunya devem ser mais intensificadas, é o que avalia a infectologista, Elaine Matsuda. Para ela, o esse vigor deve ser dado às campanhas junto à população quanto aos cuidados. “Deve ser um trabalho contínuo, intensificado com as chuvas, idealmente antes de que haja um aumento de casos. É muito fácil colocar a culpa no outro, mas na verdade é cada um tem que tomar conta o seu quintal, vigiando a moradia e o local de trabalho também”.

A especialista diz que há tecnologias novas, mas nada adianta se as pessoas não se conscientizarem em acabar com os criadouros do mosquito que são locais que podem armazenar água. “O mais importante é não deixar água parada, diminuir os criadouros”.

A médica diz que regiões onde a dengue é muito frequente, moradores podem se infectar mais de uma vez e isso pode fazer a dengue ser mais grave. “A pessoa pode ter até quatro vezes a dengue porque há quatro subtipos circulantes e quanto mais próxima a primeira dengue da segunda, vai ter uma doença mais grave porque você terá muitos anticorpos circulantes e na tentativa de defesa da segunda infecção ele causa mais danos pelo processo inflamatório que é gerado. Por isso que a segunda infecção pode ser mais grave que a primeira principalmente se ela for logo em seguida”, aponta a infectologista.

O lado bom é que não há casos mais graves, segundo o que cinco das sete prefeituras informaram (menos Santo André e Rio Grande da Serra) nem pessoas internadas. Também não há notícia da falta de medicamentos para o tratamento sintomático da dengue nos postos de saúde e hospitais municipais.

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