Com o fim das férias, surge a importância dos pais para um check-up em seus filhos, principalmente nas especialidades que comprometem o desempenho escolar, como a audição e visão. Para o otorrinolaringologista Thiago Brunelli Resende da Silva, do hospital Santa Casa de Mauá, problemas com a alfabetização, a aprendizagem, a troca de letras e fonemas, além da falta de atenção e desinteresse podem estar ligados à audição, à interpretação do som, ao ronco e ao sono agitado.
A perda auditiva na infância pode ser transitória, permanente, estável ou progressiva. Quando uma criança ou adolescente apresentam dificuldades com o processo de aprendizagem, de aquisição de linguagem e de escrita, o primeiro diagnóstico que vem à mente é o de TDHA (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), mas na verdade, pode se tratar do TPAC (Transtorno do Processamento Auditivo Central), que envolve a capacidade do sistema auditivo nervoso central em utilizar os sons.
O cérebro recebe as informações que chegam aos ouvidos e se houver um problema com a interpretação dos sons causam: ouvir bem, mas não entender o que é dito; falha na interpretação de sons; problemas com a localização e o espaço; dificuldades de memorização; falta de atenção, distração e agitação. Respostas demoradas e a dificuldade em distinguir sons parecidos também são comuns.
“O diagnóstico precisa ser assertivo e o tratamento envolve uma equipe multidisciplinar com otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e neurologistas, sessões de treinamento e aparelhos auditivos que ampliam a capacidade de ouvir, além de apoio e envolvimento da família. Dessa forma, o paciente terá mais qualidade de vida, adaptação ao convívio social e sucesso na aprendizagem”, completa o otorrinolaringologista.
Alguns sinais que indicam o desconfortos são percebidos na escola ou em casa, como por exemplo, a proximidade do rosto ao livro ou ao caderno durante a leitura ou escrita; esfregar os olhos com frequência, lacrimejamento ou vermelhidão; estreitar os olhos para enxergar melhor; aproximar muito os dispositivos eletrônicos dos olhos; dores de cabeça ao fim do dia; dificuldades para ler mesmo sendo alfabetizado; o hábito de seguir a leitura com a ponta dos dedos e as notas baixas na escola.
Entre os principias problemas de visão estão os erros refrativos – miopia, astigmatismo, hipermetropia e estrabismo. Essas dificuldades podem ser amenizadas com o uso de óculos e lentes adequadas, de acordo com o grau e problema diagnosticados.
Muitas doenças oftalmológicas podem ser descobertas logo após o nascimento, por meio do teste do olhinho, como a retinopatia, retinoblastoma e catarata congênita. Durante a fase escolar é importante estar atento ao comportamento e ao desenvolvimento das crianças, pois além dos problemas de audição, TPAC e visão, outras questões como déficit de atenção, falta de vitaminas e cansaço também podem estar envolvidas.