Quem era o empresário que atirou em policiais nos Jardins? Como ele agiu, segundo a polícia?

Um tiroteio nos Jardins, área nobre da capital paulista, terminou com três mortos na noite do último sábado, 16. O dono da casa, o empresário Rogério Saladino dos Santos, de 56 anos, abriu fogo contra dois policiais civis, que haviam tocado a campainha em busca de imagens de câmeras de segurança para investigar um furto ocorrido na mesma rua, no dia anterior.

A troca de tiros iniciada por Saladino resultou nas mortes do próprio empresário; da investigadora da Polícia Civil Milene Bagalho Estevam, de 39 anos; e de Alex James Gomes Mury, de 49, que trabalhava como jardineiro e vigia do empresário. Abaixo, veja o que se sabe sobre o caso.

Newsletter RD

Quem era Rogério Saladino dos Santos?

Rogério Saladino dos Santos era um empresário de 56 anos, sócio do Grupo Biofast, lançado em 2002 e especializado em medicina laboratorial e de diagnóstico, com filiais em São Paulo, no ABC paulista e em Guarulhos. Ele namorava com a modelo e arquiteta Bianca Klamt e deixa também um filho de 15 anos.

Além da mansão de dois andares onde morava na Rua Guadelupe, no bairro Jardim América, Saladino também tinha uma casa no condomínio de luxo Altos do Segredo, em Trancoso, na Bahia. Lá, ele costumava realizar festas, nos quais recebia celebridades.

Segundo a polícia, Saladino tinha passagens por homicídio e lesão corporal, em 1989, que resultaram em “trânsito pelo sistema carcerário”; e por crime ambiental, registrado em 2008.

Como agiu Rogério Saladino dos Santos, segundo a polícia?

Segundo o Boletim de Ocorrência registrado pela Polícia Civil e ao qual o Estadão teve acesso, os policiais Milene Bagalho Estevam e Felipe Wilson da Costa, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), investigavam um assalto ocorrido um dia antes na Rua Guadelupe, em que Saladino morava. Ao verem uma motocicleta entrando na casa do empresário, eles pediram para ver imagens da câmera de segurança, a fim de identificar o responsável pelo crime da véspera.

De acordo com as investigações, Saladino suspeitou que a abordagem policial era um golpe e já abriu o portão automático da garagem atirando contra os agentes às 18h52 do sábado. Milene, que estava do outro lado da rua, foi atingida por dois disparos, no braço e na axila.

Ao ouvir os tiros, Wilson da Costa disparou contra o empresário, que caiu no chão. Ele segurava uma pistola automática na mão e mantinha outra na cintura.

No momento em que viu o patrão caído, Alex Mury pegou uma das armas e também disparou contra o policial, mas acabou atingido. Mury, que trabalhava como jardineiro e vigia de empresário, morreu no local do confronto.

Um motorista de aplicativo, que foi chamado por uma das pessoas no interior da casa, também teve seu carro atingido na troca de tiros, mas não sofreu ferimento. Milene e Saladino chegaram a ser encaminhados para os Hospitais da Santa Casa de Misericórdia e São Paulo, respectivamente, mas não resistiram e foram a óbito.

O que foi encontrado nas investigações?

O episódio agora é investigado como homicídio duplo e morte decorrente de intervenção policial pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), unidade da Polícia Civil acionada quando o caso envolve a morte de agentes da corporação. Segundo o Boletim de Ocorrência inicial, a perícia encontrou na casa de Saladino duas pistolas de calibre .45 e .380, usadas por ele durante a reação à abordagem, além de 20 envelopes guardados na cabeceira do empresário, contendo o que descreveram como “substâncias entorpecentes (maconha, haxixe e drogas sintéticas)”.

O Estadão não conseguiu contato com a defesa ou a família de Saladino nem com a Biofast.

O que disse Bianca Klamt?

Em suas redes sociais, a modelo e arquiteta Bianca Klamt, namorada de Saladino, lamentou o acontecido: “meu coração está em prantos. Meu amor, ainda não acredito!”, escreveu sobre uma foto dos dois. Em outra publicação, ela disse: “tô sem acreditar. Ele era um homem fora da curva”.

Em uma terceira publicação, Bianca nega que eles teriam participado de uma festa antes do episódio. “Não é verdade. Estávamos tranquilos, poucas pessoas, eu estava montando um almoço”, escreveu.

Segundo o Boletim de Ocorrência, o casal e o filho de Saladino teriam participado de um almoço oferecido por eles mesmos para quatro convidados. O evento teve início às 11h do sábado e, de acordo com o documento, “houve grande consumo de bebidas alcoólicas”. Após a troca de tiros, a investigação encontrou no interior da residência “diversas garrafas e copos contendo bebidas alcoólicas”.

A investigação conduzida pelo Deic solicitou ao Instituto Médico-Legal que fizesse os exames necroscópico, toxicológico e a coleta de material genético em Saladino, com “especial atenção” pelos “entorpecentes específicos encontrados em sua residência”.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes