
A Fundação Vunesp, contratada pelo governo do Estado para a realização de concurso público para contratação de professores, rejeitou 90% dos recursos de candidatos que questionaram a eliminação do processo seletivo por conta da nota da videoaula. Até segunda-feira (4/12) foram interpostos 42.749 recursos, mas apenas 10,46% foram deferidos ou deferidos parcialmente.
A categoria é contra a exigência da videoaula na prova uma vez que o professor não é obrigado a ter conhecimento para se apresentar através de uma tela e a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) entende que a análise do vídeo é subjetiva e prejudica a maioria dos candidatos.
A Apeoesp diz que cerca de 50 mil candidatos foram prejudicados. “É um critério abstrato de análise, por isso nós não concordamos e entramos com uma ação coletiva contra o governo, cujo mérito ainda não foi julgado. Um número muito grande de professores foram prejudicados. Orientamos todos os professores a entrarem com recurso individual e nós solicitamos também intervenção da Secretaria de Educação, porque não é possível que um professor que teve excelente desempenho em toda a prova seja eliminado por conta de uma análise subjetiva”, diz o presidente do sindicato, Fabio Santos de Moraes.
A Secretaria de Estado da Educação não emitiu nota, mas a assessoria de imprensa da pasta informou que não é a responsável por inserir na prova do concurso público a exigência da videoaula e que ela foi introduzida pela Vunesp. O presidente do sindicato dos professores contesta. “Quem contrata diz o que quer. A secretaria é a contratante e tem toda a responsabilidade pelo que foi exigido no concurso”, disse Moraes.
A pasta de educação disse ainda que o governo do Estado não tem déficit de professores, disse que há os concursados e o quadro é completado pelos professores contratados, que também são conhecidos como categoria “O”. O governo pretende com o concurso contratar mais 15 mil professores.
“Os professores demonstram todo conhecimento, muitos já dão aula, trabalham 200 dias do ano letivo, mas acabam humilhados porque zeraram na videoaula, como se eles fossem obrigados a serem youtubers para o govenador. Com isso eles acabam permanecendo com o contrato precário com o governo. Estimamos que são cerca de 100 mil professores categoria “O” no Estado. Agora dependemos da justiça para definir essa situação”, completa Fabio Santos de Moraes
Vunesp
Em nota a Vunesp explicou que ainda está analisando os recursos. “O concurso com 15 mil vagas para professores da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo está em pleno andamento, em fase de realização de perícia médica, após análise de recursos sobre as notas publicadas para as provas e publicação da classificação prévia. Somente após a realização da perícia médica e da publicação da classificação final o concurso poderá ser homologado”, diz a fundação.
A nota da fundação reproduz parte do edital que fala da nota zero para as videoaulas. “Conforme o referido edital, foi atribuída nota zero à videoaula que:
· não foi, inequivocamente, uma aula do componente curricular para o qual o candidato entregou a videoaula (por exemplo: enviou aula correspondente ao componente curricular de Matemática no link de Ciências);
· não abordou o conteúdo do componente curricular para o qual o candidato entregou a videoaula;
· não abordou uma das habilidades previstas no Anexo VI do Edital de Retificação do Edital de Abertura de Inscrições, para os candidatos concorrentes às vagas dos componentes curriculares, ou a um dos Estudos de Caso previstos no Anexo VII do Edital de Abertura de Inscrições, para os candidatos concorrentes à Educação Especial;
· não abordou o Tema Contemporâneo Transversal correspondente à habilidade escolhida;
· não dirigiu a aula ao público-alvo previsto para o Tema Contemporâneo Transversal e habilidade escolhidos;
· não apresentou solução coerente e condizente com o Estudo de Caso escolhido, conforme propostas constantes do Anexo VII do Edital de Abertura de Inscrições, para a vaga de Educação Especial;
· não sintetizou e expressou, de forma prática e clara, a ação desenvolvida, compatíveis com o Currículo Paulista;
· não apresentou o candidato na gravação durante todo o tempo da aula;
· apresentou baixa qualidade de imagem e/ou áudio, estava incompleta ou com imagem ou áudio danificados;
· foi constituída de vídeo com duração inferior ao mínimo de 5 minutos;
· o arquivo apresentou problemas que não permitiram que fosse executado;
· foi constituída apenas de arquivo de áudio;
· não atendeu ao formato e/ou especificações determinados no Edital de Abertura de Inscrições, observadas as retificações do Edital de Retificação do Edital de Abertura de Inscrições.”