
Todos os anos novembro é marcado ações de conscientização da saúde do homem, em especial o câncer de próstata, segundo tipo de câncer mais incidente na população masculina no Brasil. Apesar do reforço, o ABC registrou queda de 5,72% no número de procedimentos para detectar a doença neste ano em comparação com 2022, segundo levantamento do RD junto às prefeituras e ao Estado. Até novembro do ano passado, a região realizou 69.460 exames 65.485 no mesmo período de 2023.
Neste ano, São Bernardo foi a cidade com o maior número de exames realizados com 35.581, enquanto no ano passado 42.265 procedimentos ambulatoriais foram contabilizados. Em seguida, aparece Diadema com 14.512 exames esse ano contra 12.848 em 2022.
Em Mauá, 10.541 homens procuraram os hospitais municipais para realizar os procedimentos neste ano, mas em 2022 foram 11.037. Já em São Caetano 2.411 exames preventivos de câncer de próstata foram feitos em 2022, enquanto neste ano foram 3.578. Ribeirão Pires aparece por último com 489 procedimentos realizados esse ano contra 171 no ano passado. Santo André e Rio Grande da Serra não forneceram informações.
O RD também questionou a Secretaria de Estado da Saúde (SES) que informou que foram registrados 784 procedimentos ambulatoriais relacionados a câncer de próstata na região esse ano e, no mesmo período de 2022, foram registrados 728 procedimentos. Questionadas, as Prefeituras de Santo André e Rio Grande da Serra não divulgaram o número de exames realizados até o fechamento desta reportagem.
Pouca campanha
Fernando Korkes, médico uro-oncologista da Faculdade de Medicina ABC (FMABC), afirma que precisaria haver mais campanhas como o Novembro Azul, porque despertam nos homens a importância da realização de exames preventivos. “Já vi uma série de casos de homens que realizam os exames de rotina em novembro, já que eles são lembrados da importância do diagnóstico precoce. Além disso, é um mês em que os diagnósticos do câncer de próstata e os atendimentos na área crescem entre 15% e 20% apenas neste mês”, diz.
O câncer de próstata não traz sinais ou sintomas na fase inicial, por isso é extremamente importante a realização de exames preventivos anualmente em homens acima dos 50 anos, que incluem o PSA e o exame de toque renal. “O PSA, que tem a finalidade de medir no sangue o antígeno prostático específico, que é uma proteína produzida pela próstata e está disponível na corrente sanguínea e no sêmen em que níveis alterados dessa proteína podem indicar alterações na próstata. Já o exame de toque retal avalia o tamanho, o volume, a textura e a forma da próstata”, ressalta.
Além da idade, alguns fatores de risco para o câncer de próstata envolvem histórico de câncer na família, sobrepeso e obesidade. “Já está comprovado que uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco de câncer, como também de outras doenças crônicas não-transmissíveis. Nesse sentido, outros hábitos saudáveis também são recomendados, como fazer, no mínimo, 30 minutos diários de atividade física, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar”, orienta o médico.
‘Faço exame desde os 40 anos’
Clauder Marino, advogado de São Bernardo, 58 anos, realiza exames preventivos anualmente desde os 40 anos. Conta que, mesmo sem ter histórico conhecido da doença na família, decidiu começar a se prevenir antes do indicado pelo médico. “Meu pai viveu por 70 anos e nunca fez nenhum exame de próstata, o que não quer dizer que ele não teve o câncer. Tomei a decisão de começar a fazer os exames antes dos 50 anos para garantir que, se algum dia eu tiver a doença, ela seja detectada o mais cedo possível”, diz.
Marino comenta que, apesar do tabu, tenta incentivar os amigos a realizarem os exames todos os anos. “Falar sobre os exames de próstata, principalmente o de toque retal, ainda é motivo de ‘piadas’ entre os homens, mas é importante que eles entendam que, fazendo o PSA todo ano, é possível identificar qualquer mínima alteração no tamanho da próstata ou no nível do PSA”, enfatiza.
Segunda causa de óbitos entre homens
No Brasil, estimam-se 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano para o triênio 2023-2025. Atualmente, é a segunda causa de óbito por câncer na população masculina. A idade é o principal fator de risco para o câncer de próstata, sendo mais incidente em homens a partir da sexta década de vida, bem como, histórico familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos e obesidade para tipos histológicos avançados. Destaca-se também a exposição a agentes químicos relacionados ao trabalho, sendo responsável por 1% dos casos de câncer de próstata.
Além da realização anual dos exames, é recomendada a manutenção do peso corporal adequado, de modo a diminuir o risco de câncer de próstata avançado. Além disso, é importante adotar diversos hábitos saudáveis, como: fazer atividade física, ter uma alimentação saudável, evitar bebidas alcoólicas e não fumar, para evitar o risco de doenças crônicas, dentre elas, o câncer. De acordo com recomendações do INCA (Instituto Nacional do Câncer), diante de qualquer sinal ou sintoma suspeito, os homens devem procurar imediatamente o serviço de saúde para realizar a investigação diagnóstica e, caso haja alguma alteração suspeita, seguir para a confirmação diagnóstica com exame histopatológico.