Estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) no campus de Diadema, anunciaram paralisação durante uma semana, até a próxima terça-feira (28/11), devido a uma votação feita pela assembleia geral estudantil. Os estudantes pedem melhorias estruturais na instituição, visto que segundo os próprios, a universidade apresenta queda de energia constante, são servidos alimentos infestados de insetos e larvas, o transporte é totalmente sucateado, além de problemas nas políticas de permanência estudantil.
Também em assembleia, no dia 17 de novembro, foi aprovado o início do indicativo de greve, que está prevista para acontecer no começo de 2024, início do semestre. Foram contabilizados 950 votos, 524 votos a favor (55,2%), 313 votos neutros (32,9%) e 113 votos contra (11,9%), ou seja, isso representa quase 90% da aprovação total.
“Agradecemos a todos pela mobilização incrível. Em apenas 8 horas, nosso formulário recebeu quase mil respostas, mostrando o poder da nossa comunidade unida. A jornada está apenas começando”, informa a Liga Acadêmica da Unifesp Diadema (LAUD), que reúne seis centros acadêmicos da faculdade.
Reivindicações dos estudantes
O objetivo da greve é mostrar os problemas que a universidade apresenta e solicitar melhorias junta a reitoria.
Alimentação
Os estudantes reclamam da má qualidade dos alimentos oferecidos no restaurante universitário. “Eventualmente são encontradas coisas inaceitáveis na comida como pedras, larvas, e metais”, diz Tarciso Galli, estudante de graduação em Ciências Ambientais na Unifesp Diadema.
Transporte
A Unifesp Diadema possui três unidades, Complexo Didático, Prédio de Vidro e Eldorado e o transporte usado para o descolamento dos estudantes é feito pelos micro-ônibus, conhecidos popularmente como “businhos”. Os estudantes alegam que o estado dos veículos são precários, como buracos nas estruturas dos ônibus e superlotação.
Galli expõe que houve um dia em que um dos trajetos até o bairro São Pedro, o ônibus bateu em um muro e precisou ser empurrado pelos alunos. “O ônibus só tinha duas marchas em funcionamento, colocando em risco a vida de todos dentro do veículo”.
Infraestrutura
A questão da infraestrutura da Universidade é o principal ponto citado pelos estudantes. De acordo com eles, as aulas são canceladas frequentemente por problemas elétricos, falta de água, falta de ventiladores e ar condicionado nas salas e graves problemas na estrutura do teto. “O teto do laboratório caiu e o professor teve de dar aula em container”, alega o estudante.
Permanência estudantil
A alta evasão escolar na Universidade é motivo da falta de políticas de permanência estudantil aos estudantes de Diadema. Segundo Galli, esses são os principais pontos levantados pelos alunos: valores de auxílio ineficientes para que os alunos possam se manter na universidade, alunos que teriam direito ao auxílio ainda não receberam os valores referentes à 2023 e a falta de moradia estudantil.
Nota Unifesp
Em nota enviada ao RD referente a paralização e a greve da Unifesp em Diadema, a instituição comunica que a Reitoria e as pró-reitorias estão acompanhando as questões apresentadas pela mobilização dos estudantes, em conjunto com a direção acadêmica do campus, promovendo diálogo e uma série de ações de curto, médio e longo prazo.
Em relação às demandas referentes à alimentação oferecida no restaurante universitário, já existe um processo para licitação e contratação de um novo fornecedor de restaurante e cantina. Além disso, eventuais falhas cometidas pela empresa são notificadas e, nos casos cabíveis, penalizadas, com base nos termos previstos em contrato.
No que diz respeito à falta de energia, os equipamentos da cabine primária do edifício de acesso, provavelmente ocasionada por oscilação na rede externa, muito comum na região. Enquanto as peças eram adquiridas, um gerador adicional foi contratado para manter o fornecimento de energia.
Em relação aos conteúdos que seriam abordados nas aulas canceladas em razão da falta de energia, a instituição informa que houve reunião entre a Pró-Reitoria de Graduação e a Câmara de Graduação do campus, que decidiu pela reposição pelos docentes responsáveis, de modo a garantir o cumprimento do planejamento previsto nas unidades curriculares.
A Reitoria da Unifesp, as pró-reitorias e a direção do campus declaram que respeitam as decisões tomadas pelos estudantes e se mantêm abertas ao diálogo e comprometidas a realizar as ações encaminhadas nas reuniões e, em conjunto com as demais Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), a recomposição do orçamento para 2024 junto ao Governo Federal e aos parlamentares.