Para IBGE, indústria tem ‘comportamento de estabilidade’ este ano

Em meio ao cenário de juros elevados, a produção industrial brasileira permanece estagnada em torno do patamar que encerrou o ano passado, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em setembro de 2023, a produção estava apenas 0,3% acima do nível de dezembro de 2022, indicando um “comportamento de estabilidade” neste ano, frisou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

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A produção industrial brasileira cresceu apenas 0,1% em setembro ante agosto, após ter avançado 0,2% no mês anterior. Macedo alerta que o segundo mês seguido da produção no campo positivo “deve ser relativizado”.

“Por mais que o setor industrial avance pelo segundo mês seguido, ele praticamente não altera o patamar que encerrou o ano passado”, disse o pesquisador. “Dá ideia ainda de um setor industrial com menor dinamismo, estabilizado em determinado patamar.”

Em setembro, 20 das 25 atividades investigadas mostraram retração. “Tem predomínio muito claro de taxas negativas quando observa-se categorias econômicas e atividades investigadas”, apontou.

A indústria operava em setembro em nível semelhante ao de fevereiro de 2009.

“A taxa de juros em patamar elevado é algo a ser considerado para que o setor industrial, passados nove meses de 2023, praticamente não altere o patamar em que tinha encerrado o ano passado”, apontou Macedo.

O pesquisador diz que a política monetária mais restritiva tem influência sobre as empresas, nas decisões de investimentos, mas também impacta as famílias, em suas decisões de consumo. O efeito da trajetória descendente da taxa básica de juros, com início do ciclo de cortes na Selic em agosto, ainda não foi sentido pelo setor, porque “se dá de forma mais defasada” na indústria, apontou Macedo.

A taxa de juros elevada explica a falta de dinamismo da indústria em 2023, mas o setor também enfrenta fatores estruturais, como o Custo Brasil e a alta carga tributária, acrescentou Macedo. “Claro que o problema do setor industrial não deriva somente de juros”, ponderou.

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