Ritmo de contratações não reflete previsões otimistas para o fim do ano

Vagas de trabalho temporário ainda não apareceram conforme indicam as previsões. (Foto: Banco de Imagens)

Organizações e entidades projetam que os últimos dois meses do ano serão de muitas contratações de pessoal temporário para atender a uma demanda grande de consumo prevista para a Black Friday e Natal, mas na opinião de especialistas há uma recuperação do nível de emprego, mas longe das expectativas otimistas que prevêem contratações entre 5% e 8% maiores do que as do ano passado de pessoal temporário. Para o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano, Alexandre Damásio, não se vê esse movimento todo.

A expectativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) para a o mercado de trabalho na reta final do ano é otimista: 2023 deve ter 262 mil vagas temporárias, um aumento de 8,14% em relação a 2022. O número é o mais alto desde 2014, quando foram geradas 299,7 mil vagas. O maior empregador será o comércio, com previsão de 173 mil postos, enquanto o segmento de hospedagem e restaurantes contribuem com 63 mil vagas. Em terceiro lugar, estão os transportes, com 17 mil vagas, seguido das atividades culturais e outros setores, que estão projetando um total de 7.651 postos.

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Segundo o relatório de previsões da CNC, São Paulo lidera as projeções regionais, com uma estimativa de 81 mil vagas temporárias para 2023. Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro vêm na sequência, com previsão de 30 mil, 20 mil e 16 mil empregos, respectivamente. Vendedores em lojas ou mercados estão no topo da lista, com uma projeção de 31 mil vagas. Para auxiliar administrativo, devem ser 19 mil vagas, seguido de trabalhadores de manutenção de edifícios, com 16 mil vagas.

Para o economista e professor do campus São Bernardo da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Renato Maskio, o ritmo de contratações é lento e segue o compasso da economia. “O ritmo de recuperação da economia é lento e isso dificulta a geração de empregos. Vemos no recorte por idade, que há mais vagas para jovens com pouca qualificação e é mais difícil emprego para os que têm mais de 30 e mais qualificados”, aponta.

A análise do economista está alinhada com a previsão da CNC, que diz que a faixa etária entre 18 e 24 anos é a que mais procura essas oportunidades, representando 88 mil vagas, seguida pela parcela entre 30 e 39 anos, com 62 mil empregos. O salário médio deve ficar em torno de R$ 1,8 mil, um aumento de 6,1% em relação ao ano passado. Com a inflação atual em cerca de 4,5%, os trabalhadores podem ter ganho real de até 2%, o que é um sinal promissor em meio à recuperação econômica. A CNC prevê uma taxa de efetivação dos temporários em 12%.

Pesquisa da Asserttem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário) aponta para a criação de 470 mil vagas temporárias no país no quarto trimestre de 2023, representando uma alta de 5% sobre o ano passado. “Depois de um pequeno recuo nos números do 3º trimestre, nossa esperança é que essas vagas sejam recuperadas nos meses de outubro, novembro e dezembro”, afirmou o presidente da associação Marcos de Abreu. “Acreditamos que, se o cenário for favorável, as indústrias podem acelerar suas contratações para atender a alta demanda de consumo do período, devido às datas sazonais como Black Friday e Natal”, completa.

Na ponta do comércio, no entanto, o ABC ainda não enxergou esse otimismo todo, para Alexandre Damásio, da CDL de São Caetano, o que se vê é uma desaceleração. “Como temos um crescimento tímido, mas ainda em desaceleração a medida inteligente é melhorar os processos de venda, em detrimento à contração. Se fosse um crescimento de 5% ainda seria pouco, mas com a necessidade de lucro eu defendo que não tenha esse aumento todo de mão de obra, ao contrário, as lojas vão querer fazer mais dinheiro contratando menos”.

Damásio conta que alguns setores, principalmente o comércio de rua, vai precisar de mais pessoal, mas a grande maioria não está contratando ainda. “Quem trabalha no modelo tradicional, aquela loja de bijuterias e de bolsas, terá contratação porque com o aumento do fluxo de pessoas há necessidade de zeladoria do produto em exposição, já as lojas self services, onde o cliente pega direto na arara, vê o preço e paga, nesse tipo de loja terá menos contratação. As lojas de eletrônicos vai manter a venda em plataforma digital e talvez se gere contratação não no varejo, mas sim em logística e transporte. Quando a gente olha para a oferta de cursos no Sebrae para vendedores de loja e vitrinistas, como isso está caindo em desuso, a gente entende como o discurso do emprego temporário no varejo não faz eco nem à qualificação, nem à necessidade”, completa o presidente da CDL.

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