
Em assembleia na tarde desta segunda-feira (25/09) os trabalhadores da Bridgestone, em Santo André, aceitaram a proposta da empresa de um lay off, que é a suspensão temporária do contrato de trabalho o que envolverá 1.608 trabalhadores da empresa divididos em quatro turmas que ficarão afastados do trabalho por três meses cada uma. A empresa quer reduzir o ritmo de produção e a proposta visa evitar demissões.
Segundo o presidente do Sintrabor (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefatos de Borracha da Grande São Paulo), Márcio Ferreira, cerca de 800 trabalhadores compareceram à assembleia realizada na subsede da entidade sindical, no bairro Casa Branca, em Santo André e votaram à favor da proposta da empresa que trazia alguns benefícios aos trabalhadores que vão participar do lay off. O conjunto de benefícios envolve o pagamento de meio salário durante o afastamento e a continuidade dos convênios médico e de farmácia, vale compras de R$ 1.250 por mês, pagamentos integrais de PLR (Participação nos Lucros e Resultados), 13° e 14° salários e férias, além de estabilidade no emprego de três meses após o retorno e ainda cursos no Senai para todos os envolvidos.
“Explicamos para os trabalhadores todo o contexto que vive a indústria pneumática, detalhamos as dificuldades do setor e entendemos que essa foi uma boa proposta frente a possibilidade de demissões. A categoria resolveu aceitar e agora vamos passar para o jurídico redigir os termos e depois é só assinar”, disse Ferreira, que ainda não tem uma posição da empresa quando começa o lay off. “Vamos nos reunir com a empresa amanhã (terça, 26/09) para ver quando começa, quais os setores e quais os trabalhadores vão participar”.
O sindicalista disse que os diretores sindicais dentro da fábrica ficarão encarregados de acompanhar o cumprimento do acordo, item por item, para todos os trabalhadores envolvidos. “Se alguma coisa não for cumprida podemos anular esse acordo”, aponta. Ferreira também disse que essa foi uma medida tomada para garantir empregos e que também a situação pode mudar e o posicionamento da Bridgestone pode se inverter. “A empresa quer reduzir a produção agora, mas na possibilidade das coisas melhorarem o acordo fica suspensos e todos voltam para o trabalho”.
O imposto zerado para os pneus importados durante o governo Bolsonaro foi um dos motivos apontados para a dificuldade da indústria pneumática nacional. Mesmo a taxação voltando a 16% ainda há um efeito danoso no mercado interno, principalmente para os pneus de veículos pesados como ônibus, caminhões e tratores. “Fizemos um pedido de agenda com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e estamos aguardando resposta”, disse Marcio Ferreira sobre a tentativa de buscar soluções para o setor.