As obras de modernização do Terminal Rodoviário e Turístico de Ribeirão Pires já estão atrasadas há três meses. Em junho, quando o prefeito Guto Volpi (PL) falou ao RDTv, a promessa foi a de que o equipamento público seria entregue em setembro e, a menos de 10 dias do fim do mês, não há indicativo de que esse segundo prazo será cumprido.
Volpi admitiu em junho o atraso que justificou dizendo que a chuva teria feito a obra parar por alguns dias. A obra é realizada pela MThomaz Engenharia, vencedora da licitação, que é a mesma que fez a reforma da Vila do Doce. A reforma do terminal vai custar R$ 5.101.238,20 sendo R$ 4,5 milhões de recursos do Estado através do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos) e cerca de R$ 500 mil de contrapartida da prefeitura. Ainda na entrevista de junho, o prefeito disse reconhecer a urgência da obra, porque não há outra opção na cidade.
Usuários ouvidos pelo RD reclamam muito da obra que parece ainda estar nos estágios iniciais. “Tiraram os quiosques de gente que precisava muito trabalhar, mas não fizeram mais nada, os banheiros são imundos e estão do mesmo jeito”, diz Cleo Carvalho, de 63 anos. Ela conta ainda que os ônibus mudam frequentemente de baia o que confunde os usuários e ela reclama da grande quantidade de buracos nos passeios. “Eu já quase caí várias vezes. Tenho um problema no joelho e por isso caminho o tempo todo olhando para o chão para não cair em um desses buracos. Eu, sinceramente, não espero grande coisa dessa reforma, nem quanto à qualidade nem quanto ao prazo. Como é que vão terminar em setembro se não tem nenhuma parte pronta ainda?”, indaga a usuária que é moradora do Jardim Caçula.
Cleo também conta que o terminal por vezes fica escuro, mesmo em funcionamento e linhas que foram reduzidas ou suprimidas durante a pandemia não retornaram. “Eu já cheguei as 19hs para pegar o ônibus e não tinha luz, eu e outras pessoas não fomos assaltados porque Deus não quis. Além disso os ônibus estão sujos e superlotados, porque tiraram ônibus e reduziram os horários e o meu, por exemplo, passa por várias vilas e está sempre lotado”, reclama.
Vagner Cipriano de Alencar, de 36 anos, também fala dos horários dos coletivos e relata que a espera, dependendo da linha pode ultrapassar uma hora. “Linhas Como Recanto Suísso e Vila Nova Suíssa estão com intervalos de 100 minutos de espera entre as viagens. Outras linhas estão desativadas. Eles mantiveram os horários especiais adotados durante a pandemia, e não recolocaram mais ônibus”, diz o usuário. Alencar diz que quando há, são poucas as pessoas que trabalham na obra. “Não chega a 10 pessoas trabalhando, para uma obra de reforma que foi prometida para 12 meses pelo valor R$ 5 milhões, até se contratassem pedreiros individuais, sem empreiteira, a obra sairia mais rápido”, critica.
Alencar fala de uma enquete feita em página do Facebook em que os usuários avaliaram o transporte público de Ribeirão Pires. Nela 62% avaliaram o serviço como péssimo e 30% como ruim. Grande parte das reclamações estão relacionadas ao intervalo de espera e poucos ônibus nas linhas. “O bairro Santa Luzia, por exemplo, sempre teve alta demanda. Para se ter uma ideia, em 2019 eram feitas 64 viagens saindo da rodoviária, hoje são 34. A linha tem lotação o dia todo e se você mora num trecho e não quiser andar muito o ônibus só passa de hora em hora. Tinha uma linha da Vila Sueli com 33 viagens diárias e outra linha Cooperhodia, na divisa com Mauá, com 30 viagens. Eles unificaram as linhas deixaram intervalo de 1 hora e agora são 18 viagens e no horário de almoço e janta do motorista a espera é de duas horas”, relata Alencar.
A engenheira civil Isabella Lara, de 23 anos, mora no bairro Santa Luzia e confirma as dificuldades. Ela utiliza diariamente o transporte público e conta que não vê movimentação na obra e relata a bagunça no entorno do terminal. “Passo por lá todos os dias e não vejo ninguém trabalhando. Eu entendo de obra e sei que é impossível entregar nestes dias que restam até o fim do mês. A gente tem que enfrentar todo dia muita sujeira, a gente não consegue ver direito qual é o ônibus porque eles ficam estacionados do lado de fora um atrás do outro. Eu mesmo prefiro andar até o próximo ponto, perto do Habib´s, tem gente que prefere não esperar e vai à pé”, conta.
Isabella diz que já chegou a ficar mais de uma hora esperando o ônibus para voltar para casa à noite após sair da faculdade. “Teve dia que eu chegava no terminal às 23h30 e pegava o ônibus a 0h40”, aponta.
A prefeitura de Ribeirão Pires foi procurada para comentar o assunto, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.