ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Homem confessa matar a ex e dirigir até sua casa com o corpo dela no banco de trás

Bruno Matos, confessou o crime e disse que matou a ex-companheira por asfixia. (Foto: Redes Sociais)

A polícia prendeu em flagrante na noite de quinta-feira (14/09) o entregador Bruno de Matos, de 34 anos, que confessou ter matado a enfermeira Vanessa de Cássia Fontes, de 32 anos, em São Bernardo, após uma discussão pela guarda do filho. A vítima estava desaparecida desde quarta-feira (13/09) logo após ter deixado o filho na escola. Ela deveria ter ido ao trabalho, em São Caetano, mas não chegou lá. A jovem teria sido morta por asfixia dentro do próprio carro durante a discussão. Para a polícia Matos foi um assassino frio, que chegou a colocar o corpo da mulher no banco de trás, rodou pela cidade e foi até sua própria casa onde vive com a atual esposa e seu segundo filho.

Vítima e acusado tinham uma relação recheada de desavenças tanto que registraram boletins de ocorrência por agressões ocorridas de ambos lados e Vanessa tinha uma medida protetiva contra o ex-companheiro. Na quinta-feira, menos de 24 horas após o crime, ao ser confrontado com o depoimento da atual companheira Matos confessou ter matado a enfermeira. A atual esposa, com quem Matos vive há 3 anos e com quem tem um filho, relatou que o esposo chegou em casa com comportamento estranho, mas se recusava a dizer o que acontecia, no dia seguinte foi trabalhar normalmente, mas ao retornar confessou à mulher que tinha matado a ex.

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Vanessa tinha 32 anos e trabalhava como enfermeira. (Foto: Rede Social)

Após a confissão o acusado levou a polícia até o local onde deixou o corpo de Vanessa, um barranco próximo ao Parque do Pedroso, em Santo André, às margens do Rodoanel. O carro foi localizado pouco antes, não muito longe dali. A delegada seccional de São Bernardo, Kelly Cristina Sacchetto, concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira (15/09) onde relatou o quão frio foi o depoimento de Bruno Matos, que não tinha outras passagens pela polícia.

Segundo o depoimento de Matos ele foi ao encontro da ex-mulher, com o intuito de conversar sobre as visitas ao filho, o qual, segundo ele não visitava fazia um ano. Ele a chamou no prédio onde a vítima morava, no bairro Rudge Ramos, ela desceu e preferiu que os dois conversassem dentro do carro dela, enquanto ela dirigia. “Ele disse que em dado momento ela passou a ofendê-lo com palavras, ele pediu para que ela parasse e então investiu contra ela a esganando. Ele alega que fez até que ela desfalecesse, pois ele havia entendido que ela tinha perdido somente os sentidos, mas quando ele viu que ela não recobrou a consciência ele partiu para o lado mais frio de toda essa história; colocou o corpo da Vanessa no banco de trás do carro, foi até a casa dele, onde ele vive com a atual esposa, deixando o carro na porta com o corpo da Vanessa no banco de trás. Entrou sem dizer nada para a esposa, pegou uma blusa de frio e saiu dizendo que ia trabalhar. Assim ele entrou no veículo e rumou para a divisa de São Bernardo e Santo André, onde abandonou o corpo e, em seguida, abandonou o carro”, reproduziu a delegada.

Matos disse que depois de abandonar o carro chamou um motorista de aplicativo para dois endereços, primeiro a sua casa, onde pegou o baú e saiu dizendo que ia trabalhar e depois, com o mesmo motorista, foi até o local onde havia deixado sua moto. “Só voltou para casa por volta das 23h30, dormiu e acordou e foi trabalhar, veja a frieza desse indivíduo. Quando viu a repercussão do desaparecimento da ex-mulher e recebe ligações ele dizia que não sabia de nada”, disse Kelly Sacchetto. “Ele não demonstrou arrependimento algum”, continua a delegada.

A polícia não descarta a participação de outra pessoa na ocultação do cadáver. “Tem muitas coisas a serem esclarecidas, apesar dele ter sido preso em flagrante isso não termina por aqui, as investigações continuam. Precisamos saber outros detalhes. Estamos investigando se houve ajuda, estamos buscando câmeras de segurança para que a gente possa confirmar essa versão que ele deu, sem contar com o laudo pericial necroscópico que vai apontar a causa da morte e a hora. Ela deve ter esboçado alguma reação, isso o laudo vai apontar porque é muito provável que tenha alguma marca de defesa”, disse Kelly Sacchetto que acrescenta que o carro da vítima onde teria ocorrido o crime, segundo a versão do acusado, também já foi periciado e o resultado pode trazer novas provas.

Casos

A morte de Vanessa foi mais uma que vai para a estatística dos feminicídios. A Secretaria de Segurança Pública não informou os dados oficiais deste tipo de crime com recorte para o ABC, mas em toda a Grande São Paulo, o gráfico das ocorrências aponta para cima. Desde 2018 quando o feminicídio começou a ser tabulado nas estatísticas os números só aumentam. Foram 20 casos no primeiro ano, em 2019 foram 22, entre 2020 e 2021 houve uma ligeira queda quanto foram registrados 16 e 10 casos, respectivamente, para voltar a subir no ano passado, com 24 casos e neste ano, somente entre janeiro e julho, já foram 23 casos.

A delegada seccional de São Bernardo diz, pela sua experiência, que os casos de violência contra a mulher que culminam com o feminicídio há uma escalada de violência. “Começa com palavras, com gestos, depois as ameaças e, infelizmente, as agressões que podem culminar com a morte, por isso que a gente sempre incentiva com que todas as mulheres que estejam sendo vítimas de qualquer violência, seja ela física ou psicológica, que denuncie, não facilite para não ser uma presa tão fácil. Acredito que a Vanessa ainda tinha uma certa confiança, senão não tinha entrado no carro com ele. Nesse caso foi tudo muito rápido, do registro ao esclarecimento e a prisão, não foram nem 24 horas, então com a prisão do Bruno (Matos) podemos dar uma resposta para a família da Vanessa e para a sociedade”, completa a delegada.

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