
Desde o dia 26 de junho a passarela Central, que liga a avenida Capitão João ao calçadão comercial do Centro e a estação de trens, está fechada para obras de recuperação. A passagem foi interditada após o show do cantor Péricles que acontecia no estacionamento do Paço Municipal, pois com o grande movimento de pessoas ao mesmo tempo a estrutura sofreu um abalo e cedeu alguns centímetros. Pedestres e comerciantes reclamam que a obra não anda, mas a Prefeitura garante que as obras não estão paradas e que a passarela será reaberta ainda em setembro.
Passados 71 dias da interdição, quem passa pelo local diz não ver movimentação de operários. A Prefeitura anunciou em agosto a contratação de empresa para reparar a estrutura que tem 27 anos de idade e, segundo a administração, nunca tinha passado por reforma. De acordo com a Prefeitura a obra vai custar R$ 760 mil e consiste no apoio da estrutura sobre macacos especiais para erguer grandes estruturas e obras de reforço.
“Não vejo uma tábua nova ali desde que foi interditada há mais de dois meses”, critica uma usuária que passava diariamente pela passarela na ida e na volta do trabalho, mas que agora tem que dar uma volta de quase um quilômetro pelo viaduto Papa João Paulo II. “No viaduto a travessia ainda é estreita, muito apertada para pedestres nos dois sentidos e é perigoso porque passa muito perto dos carros. Tem quem consiga ir pela estação, onde também é perigoso porque a calçada lá é muito estreita”, comenta a moradora de Mauá.
Além do risco de acidentes na travessia do viaduto, outra moradora apontou a perda de tempo todos os dias. “Ou a gente sai mais cedo de casa, porque tem que andar um pedaço a mais à pé, ou tem que contar com a compreensão do patrão”, aponta.
Se a vida de quem passa pelo local não está fácil, igualmente difícil está a vida dos comerciantes que estão com movimento menor por conta do desvio que os pedestres fazem. Leonor Ruiz, da loja de artigos religiosos São Gerônimo, não consegue estimar o quanto o movimento caiu, mas relata que a interdição prejudicou sim o comércio do entorno. “O pior é que não nos passaram nenhum prazo para concluir a obra”, diz a comerciante que disse ter visto movimentação atrás dos tapumes uma vez apenas. Enquanto isso, para atender aos clientes regulares que não conseguem chegar na loja, ela usa meios digitais, como aplicativo de compras ou mesmo manda entregar os produtos. “Como tem que dar uma volta muito grande para chegar aqui, tem cliente que prefere não vir. Tenho clientes idosos também, então a gente orienta a comprar pelo aplicativo, mas se a pessoa não sabe usar, a gente faz a venda por telefone e manda entregar”, completa.

Projeto é complexo
Em nota, a Prefeitura negou que a obra esteja parada e garantiu que a passarela será reaberta este mês. A recuperação da Passarela Central de Mauá foi iniciada em 11/08, portanto não procede a informação de que não há obra. As intervenções começaram pelo processo de escora e sustentação do trecho de rampa que apresentou sinais de desgaste, nas proximidades do calçadão da rua Rio Branco. Quem passa pelo local, pode ver a estrutura montada. A técnica utilizada, o ‘macaqueamento’, consiste na utilização de macacos e bombas hidráulicas para a movimentação de peças ou grandes estruturas. O projeto é complexo, porque envolve a segurança dos pedestres, dos motoristas que trafegam pela avenida e também para a linha férrea. Por isso, a execução da obra requer cuidados e possui todos os laudos técnicos necessários”, diz a Prefeitura.
A administração explicou ainda que todos os pontos da estrutura estão sendo revisados e refeitos. “Além dos processos de escora e sustentação que estão sendo finalizados, outros procedimentos estão sendo executados, como troca de peças, parafusos e substituição de soldas. Ainda serão revisados o telhado, a fiação elétrica e a parte hidráulica, antes da liberação para a travessia segura de pedestres, que está prevista para ocorrer neste mês de setembro”. Enquanto a interdição permanecer, quem precisa acessar ou sair da região do calçadão deve utilizar o viaduto Papa João Paulo II, que liga a avenida Capitão João, até a avenida Governador Mário Covas Jr. O paço mauaense informa ainda que a sinalização de trânsito na região segue reforçada e agentes da Secretaria de Mobilidade Urbana atuam na orientação.