Nesta terça-feira (29/08) é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data que tem objetivo de reforçar ações de sensibilização e mobilização para os danos provocados pelo uso do tabaco. Dia importante para relembrar, ainda, que remédios e adesivos de nicotina não são as únicas soluções para combater o tabagismo. É necessário acompanhamento psicológico, já que o vício e a necessidade de fumar está diretamente relacionado ao transtorno de ansiedade.
Em entrevista ao RDtv, o pneumologista e colaborador do Grupo de Estudo e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária de Saúde (Gepraps) do Centro Universitário Faculdade de Medicina ABC (FMABC), Victor Hugo Martins, explica que a nicotina libera substâncias químicas para a corrente sanguínea que levam a sensação de prazer e bem-estar. “Apenas com as medicações, a nicotina deve sair do corpo em cerca de duas semanas e, sem uma terapia comportamental, será praticamente impossível que o tabagista encontre a sensação de bem-estar que a nicotina oferecia”, diz.
Martins afirma ainda que em muitas situações, a pessoa busca fumar em situações mais sociais, como em um café depois do almoço ou no bar com os amigos, por isso largar o hábito se torna ainda mais difícil. “Muitas vezes vemos melhora no paciente quando ele evita esse tipo de encontro social por dois meses ou mais, já que o álcool ou até mesmo o café podem ser ‘gatilhos’ para despertar aquela vontade de fumar um cigarro, seja ele eletrônico ou comum”, destaca.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o tabagismo é fator responsável entre 70 e 80% dos casos de câncer de pulmão, doença que está no topo da lista de mortalidade global. Além disso, o hábito também está relacionado aos cânceres de laringe, bexiga, rim, esôfago, estômago e pâncreas.
“O tabagismo também é uma das principais causas da Doença Pulmonar Obstrutiva (DPOC), que é a terceira causa mais comum de morte no mundo. O vício ao tabaco e a nicotina não é algo comentado com frequência, mas é importante que os fumantes, que queiram parar de fumar, saibam que eles devem pedir ajuda e que existem maneiras menos ‘sofridas’ para largar esse vício”, ressalta o pneumologista.
Diferente do que muitos pensam, não é apenas o cigarro comum que causa prejuízos a saúde, mas também narguilés, “pods” e cigarro de palha. “A questão não está ligada ao que está dentro do cigarro, mas a queima e a fumaça quente produzida por todos esses itens. Os pods e narguilés estão cada vez mais comuns entre os jovens, mas é de extrema importância que esses dispositivos sejam vistos da mesma maneira que o cigarro normal”, comenta.
Martins reforça ainda que o fumar não prejudica apenas o fumante, mas também aqueles que estão ao seu redor. “Os fumantes passivos possuem risco aumentado, mesmo sem nunca ter fumado na vida. Ao fumar o pod, por exemplo, a nicotina e os metais que foram queimados ficam grudados na roupa do fumante, podendo prejudicar até terceiros, que não convivem diretamente com um fumante, mas tiveram contato com as roupas de alguém que fuma”, finaliza.