
Acontece nesta segunda-feira (21/8), no fórum de Santo André, o julgamento dos primos Jonathan e Juliano Ramos, acusados de participarem da morte da família Gonçalves, crime ocorrido em 28 de janeiro de 2020. Em 12 de junho último outros três réus – Anaflavia Meneses Gonçalves, a companheira na época Carina Ramos e o amigo delas Guilherme Ramos da Silva -, foram condenados pelo crime a penas que, somadas, passam de 190 anos. A defesa trabalha com a possibilidade de isentar os dois réus da condenação pelos homicídios e admite que eles devem ser condenados pelos crimes de associação criminosa, roubo e ocultação de cadáver, os quais vão admitir a culpa no plenário do júri.
O advogado Fábio Gomes da Costa, que defende os dois acusados, esteve no presídio de Tremembé na sexta-feira (18) e conversou com os dois réus para alinhar os trabalhos do julgamento. “É certa a condenação de ambos, até porque temos o precedente da condenação de Anaflavia, Carina e Guilherme, pelos homicídios, então esperamos a absolvição para algum dos homicídios e uma pena menor até porque eles vão negar as mortes. Eles vão admitir a associação criminosa, o roubo e a ocultação de cadáver; isso eles vão manter nos seus depoimentos”, explica o defensor.
Costa, que vai contar com o auxílio de Airton Abel e Fernando dos Santos, colegas de escritório durante o júri, espera que o julgamento seja mais rápido do que o que condenou os outros três réus e também garante que não faz parte da estratégia da defesa pedir novo adiamento. “Não há hipótese alguma de adiamento, esse júri vai acontecer na segunda-feira e esperamos que a sentença saia no mesmo dia”, completa.
Acusação
Já o advogado Epaminondas Gomes, que representa a família da vítima Flaviana Gonçalves, espera a condenação dos dois rapazes pelos homicídios. “Vamos julgar os que trabalharam na empreitada criminosa e esperamos a condenação dos dois”, sustenta.
Gomes disse ainda que o drama da família, que espera por justiça, ainda não terminou, pois Anaflavia, já condenada a cumprir em regime fechado, a pena de 61 anos, cinco meses e 23 dias de reclusão por homicídio, ocultação de cadáver, roubo e associação criminosa, deve voltar ao banco dos réus. Um recurso do Ministério Público pede a condenação dela também pelo homicídio do irmão Juan. O juiz Lucas Tambor Bueno, da Vara do Júri de Santo André, ainda não decidiu sobre esse recurso. “O Conselho de Sentença, diante dos mais de dois dias de julgamento e o cansaço, acabou votando diferente do conjunto probatório”, comentou Epaminondas Gomes.
Além dos mais de 61 anos de condenação de Anaflavia, sua ex-companheira Carina Ramos pegou 74 anos, sete meses e 10 dias de reclusão e Guilherme Ramos da Silva teve a menor pena dos três, e ainda assim foi condenado a 56 anos, dois meses e 20 dias de reclusão pelos mesmos crimes.
Crime
O crime bárbaro ocorreu em 28 de janeiro de 2020, quando os empresários Homuyuki Veras Gonçalves, Flaviana Meneses Gonçalves e o filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves foram torturados e mortos na casa onde moravam em Santo André. Depois tiveram os corpos carbonizados dentro do carro da família, abandonado na Estrada do Montanhão, já em São Bernardo.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Anaflavia e Carina chamaram os primos Jonathan e Juliano e o amigo dos quatro Guilherme para a prática de um roubo. Anaflavia facilitou a entrada do grupo no condomínio onde a família morava. Faz parte da denúncia também os encontros do grupo para planejar o crime e até uma cotação feita por Carina para trocar o carpete do andar superior da casa da família. Para a acusação isso demonstra que o plano era matar a família e as duas ficarem com a casa. Os irmãos ficariam com uma quantia que estaria no cofre da casa, dinheiro que nunca foi encontrado.