
Cerca de seis mil moradores de Diadema retiram, todos os meses, medicamentos na farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, que é alvo de reclamações de usuários que relatam dificuldades para a retirada, demora e falta de remédios. A prefeitura da cidade quer buscar uma alternativa mais próxima, para evitar o deslocamento dos pacientes até outra cidade e ainda por cima desafogar a farmácia do hospital estadual. A ideia é implementar outra farmácia de alto custo no campus da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que fica na cidade.
Segundo o Secretário de Saúde de Diadema, Zé Antônio da Silva, o entendimento entre as três partes envolvidas – prefeitura, Estado e Unifesp – está adiantado e há intenção de inaugurar a Farmácia de Alto Custo de Diadema até o final deste ano. “Tem interesse das três partes; a Unifesp quer fazer um trabalho com farmácia escola, tem o interesse da prefeitura de auxiliar essas mais de seis mil pessoas que todo mês têm que ir até o Mário Covas buscar medicamentos e tem o interesse do Estado que é quem fornece as medicações”, explica.
Silva considera uma jornada difícil para muitos a busca do medicamento longe de casa. “Muitas vezes são pessoas idosas e já com problemas de saúde. Temos muitas queixas dessa dificuldade. Não é fácil sair daqui, a maioria tem doenças crônicas e muitos vão de ônibus. Só de Diadema é um grupo grande que vai até o Mário Covas todo dia”, diz o secretário.

A Unifesp, segundo Silva, já em um bom espaço para a instalação da Farmácia de Alto Custo e as adequações que forem necessárias são pequenas, a maioria tem a ver com o mobiliário. “É mais instalar os guichês de atendimento, o resto é coisa pequena. O local é muito bom pois é no prédio novo que eles construíram junto à avenida Conceição, bem perto do terminal de ônibus, por isso o lugar é perfeito, pois o acesso é muito fácil”, diz Zé Antonio da Silva, que prevê que a prefeitura fique com alguma parte do investimento. “O certo mesmo era que o Estado fizesse, mas se estamos todos juntos e o principal é atender a essas seis mil pessoas, a prefeitura vai ajudar sim. Podemos colocar mão de obra, a Unifesp entra com o espaço e o Estado faz a sua parte no fornecimento dos medicamentos. Não é difícil, por isso a proposta é colocar essa farmácia para funcionar ainda este ano”, anuncia.
Até bem pouco tempo a medicação de alto custo tinha apenas um endereço para retirada no ABC, o próprio Hospital Mário Covas, porém esse atendimento foi descentralizado em duas cidades. Os moradores de São Bernardo podem retirar suas medicações no Poupatempo, que implementou o serviço em 2.019. Meses depois, foi a vez de São Caetano receber o posto de dispensação de medicamentos de alto custo, que funciona no Atende Fácil da cidade.
Brasília
Enquanto amadurecem as tratativas com o Estado pela Farmácia de Alto Custo, o secretário de Saúde de Diadema, esteve nesta sexta-feira (04/08) em Brasília para uma série de reuniões com o ministério a fim de buscar recursos para o custeio da saúde no município e também para que o governo federal faça aportes para a construção do novo hospital público, um projeto que a prefeitura quer realizar no local onde hoje está o paço municipal.
“Viemos cobrar o ministério sobre o custeio da saúde, queremos que o governo contribua mais. Hoje, do orçamento de R$ 550 milhões da saúde, a União entra com R$ 100 milhões, o Estado não chega a R$ 10 milhões e o restante é todo bancado pela prefeitura. Tem quatro anos que a tabela SUS (Sistema Único de Saúde) não é atualizada”, disse o secretário de Diadema sobre o custeio.

Sobre o projeto do novo hospital, Zé Antonio da Silva disse que ele foi bem recebido nos departamentos do ministério da Saúde, pelos quais passou. “Deixamos nosso projeto e a gente quer que o governo financie e o nosso pleito foi muito bem visto. Além do hospital queremos implementar três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) uma vai ser onde fica o Pronto Socorro do Centro, que vai ter mais 20 leitos, outra no Jardim Paineiras, que já foi uma UPA mas acabou desabilitada e a terceira será em Eldorado, onde hoje fica a UBS (Unidade Básica de Saúde). Eu saí animado, porque vimos muita sintonia em torno das propostas”, afirma.
A prefeitura espera do governo Lula a mesma resposta que obteve há 15 anos, quando o prefeito também era José de Filippi Júnior (PT) que conquistou do então presidente da República o Quarteirão da Saúde, um dos principais equipamentos da área em funcionamento hoje na cidade. Na época a União bancou a maior parte do custo para a construção e a prefeitura entrou com o terreno. A ideia é repetir essa parceria. “Encontramos bastante sintonia”, completou o secretário.