
Com a queda na temperatura, o número de casos de doenças respiratórias, como a gripe, está cada vez maior. Sintomas como tosse, coriza e febre são comuns nos casos de Influenza, mas como saber se os sintomas não são de outra doença, a exemplo da tuberculose? Com sinais similares à gripe, a tuberculose carrega características específicas como: tosse persistente (por mais de duas semanas), acompanhada de catarro e/ou sangue, dor no peito, febre e até perda de peso.
Ao RD, o pneumologista do Gepraps (Grupo de Estudos e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária) da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Victor Hugo Martins da Silva, explica que é importante entender que todas as doenças possuem sintomas, porém não quer dizer que o paciente irá carregar todos eles. “No caso da tuberculose, a tosse com catarro e a perda de peso são os sintomas mais comuns, porém a febre, principalmente, no final da tarde, a dor no peito e a tosse com sangue podem ser sintomas”, comenta.
O diagnóstico da tuberculose requer exame de imagem que pode ser uma radiografia de tórax ou tomografia, além de um teste de escarro, que trata-se de um exame em que é coletado o catarro do paciente para tentar localizar a microbactéria da tuberculose. “O tratamento é simples, principalmente por termos de graça no SUS (Sistema único de Saúde). Mas é preciso administrar antibióticos diariamente por seis meses”, alerta o médico, ao citar que os medicamentos são chamados popularmente de esquema RIPE, pois são quatro medicações em uma única dose: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol.
Em épocas do ano mais frias, a situação costuma ser ainda pior, já que as pessoas passam a se aglomerar mais e ficar mais tempo em suas casas com as janelas e portas fechadas. “A tuberculose é uma doença transmitida pelo ar e, por isso, ambientes mal ventilados e pessoas com contato contínuo tendem a ser mais suscetíveis”, diz Martins. A faixa etária com maior risco é de 20 a 34 anos, com um índice ainda maior para homens.
Diagnósticos de tuberculose
Apenas neste ano, a região já registrou 405 casos de tuberculose, enquanto no ano passado, foram 573 diagnósticos. Apesar da queda de 29,3% no número de casos na região, o Brasil se mantém na lista de prioridades da OMS (Organização Mundial da Saúde). “Pouco se fala sobre a doença, mas ela (tuberculose) é ainda bem prevalente no Brasil. Vemos muitos casos diariamente, tanto nos consultórios particulares quanto públicos e, por isso, deve ser lembrada sempre”, comenta o pneumologista.
Pensando nisso, o RD questionou as prefeituras da região sobre as ações de prevenção e combate à tuberculose.
Confira:
São Caetano reforça junto à Atenção Básica e Pronto Atendimento a busca ativa de pacientes, principalmente naqueles com sintomas respiratórios. Em Ribeirão Pires, as ações são contínuas e também contam com buscas ativas de sintomáticos respiratórios. O foco das campanhas e da busca ativa é a prevenção, e o objetivo é diagnosticar precocemente a doença para evitar a transmissão.
Mauá intensificou as ações de prevenção e combate à tuberculose na cidade. Além do trabalho realizado nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) para identificar casos suspeitos ou de pessoas com a doença, a gestão começou a disponibilizar cestas básicas aos pacientes em tratamento, o que não era feito há dez anos no município. O objetivo é evitar o abandono do atendimento, favorecendo a cura.
São Bernardo realiza durante todo o ano a busca ativa de pacientes com tuberculose e trabalha com conscientização da população sobre a importância de detecção e tratamento precoce da doença. Além disso, investe na capacitação constante dos profissionais de Saúde, que realizam o matriciamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e na liberação rápida do resultado do exame de baciloscopia.
Diadema promove todo ano duas campanhas de intensificação de busca ativa, sendo uma em março e outra em setembro. O município investe ainda em capacitação. Em fevereiro deste ano, médicos da rede municipal participaram do curso de Atualização em Tuberculose (TB) para Profissionais da Atenção Básica, promovido pela SPDM/PAIS para atualizar as informações do Plano Nacional de Combate à Tuberculose e os protocolos para o manejo da doença.
Santo André atua em diversas frentes para a prevenção, detecção e combate à tuberculose como: atuação na promoção e prevenção desse agravo propondo estratégias de enfrentamento visando diminuir os riscos e melhor entrosamento entre os diversos setores, numa articulação com as demais coordenadorias e programas da Secretaria de Saúde, outras Secretarias Municipais, além de parceiros institucionais como empresas, ONGs, Instituições de Ensino e sociedade em geral; Implantação de novo fluxo de dispensação dos medicamentos de tuberculose, num trabalho articulado com a Assistência Farmacêutica, o que resultou em maior controle do tratamento e redução de desperdícios de medicamentos e a implementação do monitoramento dos casos de tuberculose na rede de Saúde (unidades, hospitais, Centro de Detenção Provisória e outros).