Após a confirmação de uma séria de mortes no Estado de São Paulo, em decorrência da febre maculosa, conhecida como doença do carrapato, vale ressaltar que o ABC não está imune à contaminação, principalmente Mauá, Diadema e São Bernardo, que possuem vasta área de mata nativa. O alerta é de Andrea Marques de Miranda, infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Brasil. Em entrevista ao RDtv, a médica, a região possui locais com notificações confirmadas para febre maculosa.
Embora os vetores mais conhecidos da doença sejam as capivaras e os cavalos, presentes em ambientes rurais, Andrea diz que os animais domésticos, como cachorros e gatos, também podem ser vetores da doença, principalmente na região metropolitana. “Eles podem ser infectados em locais, como parques”, afirma. Neste caso, a médica orienta consultas periódicas com veterinários para identificar possíveis contágios. E ressalta que os animais não apresentam os sintomas presentes nos humanos.
Os principais sintomas são febre alta, dores de cabeça e no corpo, falta de ânimo e manchas avermelhadas pelo corpo, geralmente localizadas em regiões periféricas, como pés e mãos. “As manchas não coçam, nem são dolorosas, mas podem acompanhar inchaço”, descreve a infectologista ao acrescentar que, nem todo quadro de febre maculosa vem acompanhado de manchas. O tratamento indicado é procurar um pronto socorro ao menor sinal de alguns dos sintomas acima relatados.
Embora seja uma doença tratável, a demora no diagnóstico pode aumentar o risco de letalidade, chega até 70% em alguns casos. A infectologista explica que o tratamento é iniciado mediante suspeita da contaminação, e não apenas após a confirmação. “Neste momento, o diagnóstico é o grande desafio”, relata.
Para se prevenir é importante evitar locais com presença de mata nativa, rios e lagos. Mas, uma vez exposto fica a indicação para manter o corpo coberto. O ideal é usar camisetas com mangas compridas e calças por dentro das meias e de preferência claras. Assim que retornar, as roupas devem ficar de molho por 10 minutos em água quente, em torno de 50 graus. É sabido que o ciclo de vida do carrapato dentro do domicílio é menor do que em ambiente externo, onde o parasita pode sobreviver por meses. A médica salienta que o uso de repelente ajuda, mas não protege. “É indicado passar sobre as roupas também”, afirma.
Portanto, na eventual exposição ao carrapato é indicado realizar a checagem com auxílio de espelhos ou de outra pessoa. Mediante picada, deve-se retirar o carrapato com ajuda de uma pinça e com movimentos circulares. “Não pode tirar com a mão, pois o parasita pode soltar um líquido infectante”, explica a médica. Na sequência, deve-se higienizar o local com água quente e sabão e passar um antisséptico em seguida. “Não há recomendação para tomar antibiótico antes do aparecimento dos sintomas, que podem surgir em até 14 dias”, afirma.
A Vigilância Epidemiológica tem emitido informes para os profissionais da saúde, com orientações sobre a doença. A médica conta que a notificação ao município é obrigatória a todos profissionais da saúde após ter contato com a menor suspeita de casos de febre maculosa.