
Depois da pandemia e o retorno do trabalho presencial, a adoção e o resgate de animais abandonados na região se tornaram tarefa ainda mais difícil e, para protetores de animais, a falta de apoio do poder público tem impossibilitado o trabalho. Para o RD, duas protetoras do ABC relataram a dificuldade de conseguir doação, realizar resgates, agendar castrações e até conseguir alimentos para os animais.
Ana Maria Matenaur trabalha e vive pela causa animal em Ribeirão Pires há 30 anos e conta que depois da pandemia, as fontes de renda para cuidar dos mais de 170 cachorros ficaram escassas. “Costumava fazer brechós, rifas e até vender eletrônicos doados para conseguir comprar comida, castrar e comprar o remédios necessários. Hoje em dia, estamos com uma vaquinha aberta, que não resulta em nada, para conseguirmos comprar comida para os animais, que considero meus filhos”, afirma.
Ana Maria diz ainda que nunca teve o apoio da Prefeitura para realizar os resgates e para cuidar dos animais. “Todo apoio que tive e tenho é da população mesmo, do supermercado próximo da minha residência e dos padrinhos dos cachorros. Antes da pandemia tínhamos mais de 80 padrinhos e, infelizmente, só temos 10 hoje. É algo muito triste, mas nunca vou deixar de cuidar destes animais”, expõe.
Para aqueles que gostariam de ajudar Ana Maria, doações podem ser realizadas via Pix pela chave CPF 807 006 088 34 ou também pela vaquinha S.O.S. Ana usando a chave Pix 3684710@vakinha.com.br ou contribua pelo site: http://vaka.me/3684710?utm_campaign=whatsapp&utm_medium=website&utm_content=3684710&utm_source=social-shares.
CCZ do Rudge Ramos
Cacilda Munhoz é uma protetora independente de São Bernardo e relata que o poder público costumava ajudar com as castrações, mas por muito tempo nem isto foi feito. “Passamos muito tempo tendo de tirar dinheiro do próprio bolso para castrar os animais, mas felizmente retornaram com as castrações no CCZ do Rudge Ramos, o qual levo cerca de 10 animais por mais para realizar o procedimento. Fora isso, nenhum tipo de ajuda é oferecida e creio que isto aconteça com todas as protetoras da região”, afirma.
Ao ser questionada sobre a ajuda oferecida pelas prefeituras, a coordenadora da ESPA (Equipe Singulariana de Proteção aos Animais), Roseli Denaldi, explica que apesar de oferecerem a castração gratuita para população carente e para os protetores independentes de animais, a participação é muito restrita. “Para aqueles que realmente querem ajudar na causa animal, as alternativas são: doe ração e produtos em geral para animais, adote um animal resgatado, abrigue provisoriamente um animal até a adoção (LT + Lar transitório), ajude a ratear cirurgias e tratamentos, e divulgue os animais aptos para adoção nas redes sociais e grupos de amigos”, afirma Roseli
O que dizem as prefeituras
Ribeirão Pires ainda não possui nenhuma abrigo para animais domésticos que estão na rua. A Secretaria de Meio Ambiente, por meio da divisão de fauna, realiza a castração desses animais, além do apoio que presta com protetores e ONGs parceiras. Por meio de nota diz que realiza uma feira de adoção mensal, em que todos podem se cadastrar para doar animais resgatados da rua. A Prefeitura estuda ainda outras medidas para diminuir o número de cães abandonados e em situação de maus-tratos. Além disso, são realizadas fiscalizações regulares para coibir esse tipo de problema.
Mauá informa que realiza ações permanentes, com acompanhamento de médica veterinária, de atendimento clínico veterinário para animais em vulnerabilidade, na sede do Centro de Proteção Animal (CPA).
Diadema não possui ação para acolhimento de animais abandonados, comedouros e bebedouros públicos ou auxílio a protetores de animais. Por meio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) estimula a posse responsável e realiza periodicamente campanhas de adoção de animais, inclusive em parceria com protetores. Os animais do CCZ disponibilizados nas feiras são pets resgatados de maus tratos por autoridades competentes ou animais que estavam oferecendo algum risco à saúde pública, e, após tratamento e, estando sadios e recuperados, ficam à disposição para encontrarem um novo lar.
Em Santo André, não há comedouros instalados pela Prefeitura, já que a ração exposta no ambiente pode ser contaminada por bactérias e roedores, o que pode causar doenças infectocontagiosas e gastrointestinais. “Em compensação, prestamos assistência com o programa Moeda Pet, castração e coleiras antipulgas, com apoio do Centro de Zoonoses e empresas parceiras e, em geral há a presença de comedouros e bebedouros em todos os locais que têm cães e gatos comunitários. Além disso, na Operação Inverno, onde são disponibilizados abrigos para pessoas vulneráveis serão recebidos também seus pets. Junto com o lançamento da Campanha do Agasalho lançamos em parceria com o Núcleo de Inovação Social, a Campanha do Agasalho Pet. Os itens arrecadados serão distribuídos aos pets que mais precisam”, afirma a Administração.