O assassinato de uma professora a partir de um ataque de um estudante, na Capital, ainda gera consequências para o Poder Público. O Governo Federal criou um grupo interministerial para tratar sobre o tema e gerar ações preventivas para evitar novas tragédias. Em entrevista ao RDtv nesta terça-feira (04/04) o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, e presidente do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), Ariel de Castro Alves, deu detalhes sobre as ações planejadas.
O grupo formado pelos ministérios da Saúde, Educação, Direitos Humanos e Cidadania, e Justiça e Segurança Pública, além de outras entidades, estão em busca de ações que farão parte do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência nas Escolas. A ideia é ter projetos preventivos que possam atender as principais demandas. A meta é que em dois meses seja apresentado o plano.
Um dos principais pontos é lidar com os desafios que são apresentados no momento, principalmente os de saúde mental, levando em conta o distanciamento social obrigatório nas fases mais agudas da pandemia do Covid-19.
“Nós temos que lembrar que tivemos uma pandemia, praticamente dois anos de aulas suspensas. Muitos estudantes estão reaprendendo a conviver nos espaços educacionais, porque ficaram um tempo longo trancados nas suas casas, tiveram um período de restrição de convivência até porque foi uma medida adotada, pois não tinha vacina e precisávamos conter a doença”, relembrou Ariel.

O ex-presidente da Fundação Criança de São Bernardo considera que uma série de ações que já existiam devem ser retomadas, como os projetos Escola que Protege e Professores Mediadores, que ajudavam a mediar conflitos e entender formas de criar uma cultura de paz, mas que foram descontinuados ao longo dos anos.
Ariel também considera que deve ocorrer investimentos em estruturas adequadas para as escolas, atividades culturais e esportivas, e também aulas voltadas para os Direitos Humanos, Cultura de Paz e Cidadania. Além disso, ampliar o tempo dos alunos no ambiente escolar.
“Sabemos o quanto é importante ter ações de ensino em tempo integral para que os estudantes possam ter atividades e evitar que fiquem em situação de ociosidade, em situação de rua em razão da fala de estar incluídos dentro dos projetos educacionais”, explicou.
Outro ponto apontado pelo advogado é a atenção que se deve ter ao conteúdo acessado pelas crianças e adolescentes na internet, principalmente levando em conta o incentivo para que comentam algum tipo de ato violento. Ariel não descarta a possibilidade de que tenha uma mudança de legislatura para ampliar a punição para aqueles que incentivam a violência por meio dos canais digitais.