UniABC/Anhanguera promove demissão em massa de professores

Aproximadamente 180 docentes de diversos cursos da UniABC/Anhanguera foram demitidos na tarde da última quinta-feira (15). A Anhanguera Educacional Participações S.A. adquiriu a Unifec (União para a Formação, Educação e Cultura do ABC Ltda.), sociedade mantenedora da UniABC (Universidade do Grande ABC), em julho deste ano pelo valor de R$ 55,9 milhões e alega que as demissões são resultado de adequações para o próximo semestre. 

“Foi convocada uma reunião na última quarta-feira onde aproximadamente 180 docentes receberam um envelope com a rescisão contratual. Ninguém foi avisado previamente. Foi uma surpresa para a maioria”, diz um professor que preferiu não se identificar. Ele atuava há quatro anos na instituição e é mestre em Administração há 11 anos. “Fomos desligados por atacado por uma questão de política salarial, uma vez que temos alta graduação e somos onerosos demais”, alfineta.

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Integrante da lista de demissões, o professor de Língua Portuguesa, Sérgio Simka afirma que já esperava ser desligado da instituição. “Desde que a UniABC foi adquirida pela Anhanguera já aguardávamos algum tipo de reformulação no quadro de docentes”, afirma Simka. “É comum no final do semestre ter alguma adequação de quadro, mas jamais imaginaríamos algo assim”, completa o mestre em Administração, que acredita que mais demissões serão realizadas nos próximos dias.

“Eles querem deixar o mínino possível de professores mestres e contratar o máximo possível de especialistas, que normalmente são menos preparados que os mestres ou doutores”, completa Simka. A média salarial paga pela UniABC para um mestre, segundo os dois docentes, é de R$ 35 a R$ 40 hora/aula, enquanto de um especialista cai para R$ 12 ou até R$ 19 hora/aula.

Monopólio
Após a compra da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) em setembro deste ano, a Anhanguera Educacional se tornou o segundo maior grupo de ensino superior do mundo em número de alunos, atrás apenas da americana Apollo Group, proprietária da Universidade de Phoenix. No total, são 400 mil estudantes. Só no ABC a Anhanguera já adquiriu a Faenac, em São Caetano, a Anchieta e a Uniban, em São Bernardo, a UniA e a UniABC, em Santo André.

“Só dava aula naquela instituição. Sei que na região minhas opções diminuíram, pois não vou procurar nas que integram o grupo. Além disso, a qualidade do ensino fica prejudicada, uma vez que preferem contratar profissionais com menos experiência e estudo”, lamenta o professor que preferiu não de identificar.

Posicionamento
Por nota, a Anhanguera Educacional afirma que o desligamento de profissionais do corpo docente da UniABC acontece em função do planejamento de carga horária do próximo semestre e faz parte de um movimento natural das Instituições de Ensino a cada encerramento de ciclo (semestre).

“A Anhanguera também reitera que realizou um grande ciclo de aquisições em 2011, com 12 instituições adquiridas, e que a atualização do corpo docente é necessária para adaptar os currículos das novas unidades ao padrão de qualidade dos cursos da Anhanguera. Neste ajuste, a instituição reduzirá o numero de professores temporários, mas também fará contratações de outros em regime integral”, diz a nota.

Sindicato
A direção do Sinpro-ABC (Sindicato dos Professores do ABC) se reunirá na próxima segunda-feira com integrantes da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo) para debater a demissão em massa. “É lamentável o que está acontecendo. Como as demissões não acontecem só no ABC, mas em diversas outras instituições adquiridas pela Anhanguera, faremos uma reunião na próxima segunda-feira com a Fepesp para tratar do assunto”, explica o presidente da Sinpro-ABC, José Jorge Magguio.
 

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