Os sete municípios do ABC geraram 3.427 novos postos de trabalho no mês de fevereiro, conforme dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), publicados nesta quarta-feira (29/3). No geral, a região teve 33.580 empregos gerados e 30.153 desligamentos, com melhor desempenho no setor de serviços. Quanto aos números do primeiro bimestre, São Bernardo mostrou maior reação econômica, enquanto Santo André permaneceu com saldo negativo, ou seja, mais demitiu do que contratou.
Em dados gerais, o setor de serviços correspondeu a 86,5% dos novos postos de trabalho, com 2.965 pessoas designadas ao mercado a mais em relação aos demitidos, e liderou a geração de empregos em seis das sete cidades. A exceção foi Rio Grande da Serra, onde o segmento teve o pior desempenho, com 23 admissões e 25 demissões. Ao todo, o ramo teve 20.314 contratações e 17.349 desligamentos na região.
A segunda categoria com melhor índice foi construção, por meio de 316 novos postos de trabalho, seguido de indústria com 159 empregos gerados (veja mais na tabela 1). No entanto, o setor de comércio no ABC registrou um revés, ao demitir 6.409 trabalhadores e repor 6.396 funcionários, fechando fevereiro com déficit de 13 empregos. Já o ramo da agropecuária teve desempenho neutro: quatro admissões e quatro demissões.
Para o coordenador do curso de Ciências Econômicas e gestor adjunto da Escola de Gestão e Negócios da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Volney Gouveia, os números refletem o cenário após os efeitos da pandemia do coronavírus. “O setor de serviços foi o que mais sofreu impactos (com a covid-19) e tem se recuperado forte. E o nível de qualificação exigido nesse segmento é menor e acaba se beneficiando com esse contingente de trabalhadores numa média salarial mais baixa”, afirma.
Em fevereiro, São Bernardo foi a cidade que disparadamente mais gerou empregos: 1.841 trabalhadores contratados (veja a tabela 2). Logo depois, vem São Caetano com 435 postos de trabalho, seguido de Mauá (429), Diadema (340), Santo André (321), Rio Grande da Serra (33) e Ribeirão Pires (28).
Mesmo com saldo positivo, Gouveia ainda enxergou um crescimento tímido na região que, segundo ele, sofre o cenário nacional de juros e inflação elevados, endividamento das famílias brasileiras e taxa de desemprego a 8,4%. “O ABC tem mais de 2,5 milhões de habitantes, então esse saldo é pouca coisa. Podemos dizer que a reação do mercado regional está associada à economia nacional”, pontuou o docente.
Santo André tem o pior desempenho no primeiro bimestre
Quanto aos dados do primeiro bimestre de 2023, Santo André ainda sente os efeitos do desempenho negativo de janeiro, quando gerou 9.971 empregos, porém, teve 10.474 desligamentos, e fechou com saldo negativo de menos 503 empregados. A cidade teve uma ligeira recuperação em fevereiro, mas segue como a única em déficit de contratações até o momento. Na ocasião, São Bernardo e Ribeirão Pires também encerraram com saldo abaixo, ao perderem 68 e cinco postos de trabalho, enquanto a região gerou apenas 192 empregos a mais.
Segundo Gouveia, os primeiros meses ainda têm como reflexo o fim das contratações temporárias no fim do ano, o que ajuda a explicar em parte o baixo crescimento. “Quando chega em janeiro, há um desligamento natural dos trabalhadores e a estatística capta esse movimento. Por isso, diria que janeiro e fevereiro ainda refletem esse mercado de trabalho temporário”, disse o professor.
Nos dois primeiros meses deste ano (tabela 3), São Bernardo contratou 1.835 trabalhadores a mais em relação aos desligamentos, acompanhado de São Caetano (873), Diadema (590), Mauá (461), Rio Grande da Serra (66) e Ribeirão Pires (26), enquanto Santo André registra 229 desligamentos a mais em relação a admissões. Ao todo, o ABC completou o bimestre com 3.622 contratações a mais.