
O preço dos chocolates subiram, em média 15%, se comparado com o ano passado e mesmo assim o varejo espera vender bem este ano. Pandemia e crise econômica trouxeram efeitos muito danosos a esse segmento que considera bom um crescimento previsto de 10% neste ano.
Para muitos consumidores, a opção é comprar com os pequenos produtores, aqueles que fazem os chamados ovos artesanais, mesmo assim os preços não estão convidativos porque principalmente o pequeno produtor não consegue ter volume para negociar compras em maior quantidade com melhores valores, com isso ele paga mais caro e precisa repassar isso. A moradora de São Bernardo, Dayane Silva, foi direto buscar ovos de Páscoa artesanais e ficou chocada com os preços. Ela citou preços de R$ 29 pelo ovo de 150 gramas até R$ 98 pelo de um quilo. “Fiquei tão decepcionada que nem fui atrás do ovo de supermercado, que é mais caro. Acho que este ano nem vou comprar”.
Para a moradora de Mauá, Krycia Pessoa, que produz ovos de chocolate para vender, os produtos ficaram mais caros, em média 15%, mas ela não repassou integralmente este aumento para os seus preços. “Eu repassei perto de 10%”, diz. A expectativa é a de que as vendas cresçam neste ano em relação ao ano passado, mas Krycia prefere não arriscar um percentual de alta, porém apostou ao comprar mais produto. “Por enquanto está meio parado, mas todo mundo deixa mesmo para a última hora, eu tenho muitos clientes fiéis que sempre compram comigo e conto com essas vendas já todo o ano. O que vendeu até agora foi para clientes novos”, diz a chocolateira que justamente por isso acredita que vai vender mais este ano. “Acredito tanto que comprei 10 quilos a mais”, completa. As encomendas podem ser feitas pelo Whatsapp no número 9.6263-0044.

A Padaria Brasileira também espera uma Páscoa, em média, 25% melhor do que a do ano passado. A rede que nasceu no ABC e que está completando 70 anos de atividade disse que represou os reajustes, diante da alta de 20% no custo de matéria prima e embalagem. Para garantir as vendas a Brasileira investiu em itens para presentear na Páscoa, não apenas nos chocolates, carro chefe da data.
“Temos bolachinhas, ovos de colher, ovos coloridos e os bolos de Páscoa e neste ano fechamos uma parceria com a Nestlé para oferecer ovo de colher recheado com o chocolate Kit Kat. Temos 50 itens diferentes de presentes para a Páscoa”, disse o diretor geral da rede, Antonio Henrique Afonso Júnior.
A rede de padarias espera movimentar R$ 400 mil com a venda dos produtos de Páscoa, sendo que 10% a 12% dessas vendas são feitas pela internet (encr.pw/deliveryPDB). “No nosso primeiro fechamento parcial já vimos que foi melhor do que no ano passado, por isso reforçamos os nossos pedidos”, disse Júnior.
Quanto aos preços, o diretor da Padaria Brasileira diz que eles ficaram entre 10% e 12% acima do ano passado. “Como estamos investindo mais nos presentes de Páscoa, caprichando mais nas embalagens”. São cinco opções diferentes que fogem dos ovos tradicionais, por R$ 49,50. Saquinho de coelho com mini ovos, coelho com ovinhos, e o lançamento do ano, a caixa de chocolate ao leite com seis ovinhos pintados e a caixa gourmet infantil que sai por R$ 54,90. Por fim, Júnior completa dizendo que o grande movimento será mesmo na última semana antes da Páscoa.
A Chocolândia, uma das maiores vendedoras de chocolates do país, segundo a própria marca, espera vender 10% mais que o ano passado. A rede de lojas vai funcionar 24 horas e tem a expectativa de comercializar 3 mil toneladas de chocolates. O recorde de vendas foi em 2011 quando a rede vendeu 3,6 mil toneladas.
O presidente da Chocolândia, Osvaldo Nunes, explica que a empresa trabalha com duas realidades diferentes, como se fossem duas Páscoas; uma do ovo pronto e outra que atende os transformadores, aqueles que compram a matéria prima e produzem os ovos para vender. “O movimento de quem compra para produzir, ou seja, a venda das barras de chocolate começou em janeiro e o movimento tem sido razoável”, comenta o empresário que aposta que este ano o resultado deve ser melhor do que nos últimos dois anos. “Eu comprei 10% a mais, se vendermos tudo já vai ser maravilhoso”, contabiliza.

Nunes diz que por conta da matéria prima ser um commodities seu preço está elevado e os custos são consideráveis quando se começa a preparar a Páscoa oito meses antes, o que envolve a indústria, contratações, produção, embalagem e logística. Para contornar grande parte desta estrutura, a Chocolândia passou a produzir seus próprios ovos, com chocolate Garoto. “Assim a gente consegue fazer muito mais barato e com qualidade. Enquanto outros ovos saem a R$ 300 o quilo, o nosso sai por R$ 79. É uma grande economia”, diz. A Chocolândia tem lojas nos bairros do Ipiranga e Santo Amaro, na Capital, e em Guarulhos e Santo André. Informações em www.chocolandia.com.br.
A Coop, além das marcas tradicionais do mercado investiu também em linhas de importados para abastecer suas prateleiras. “Dos principais fornecedores (Mondelez, Nestlé, Garoto e Ferrero) não houve inovações relevantes na linha de ovos de Páscoa e sim nas linhas regulares de bombom e barras, pois é a principal aposta de crescimento da Indústria. De nossa parte ampliamos nosso sortimento de chocolates importados, dando ênfase na linha Lindt”, disse o comprador de mercearia da Coop, Thiago Souza.
“Iniciamos nossas ondas promocionais com preços agressivos de caixas de bombom Nestlé e Garoto e teremos ações de leve e pague nas linhas regulares e ovos de Páscoa”, continua Souza. A rede supermercadista não divulgou preços nem o volume que prevê comercializar de chocolates nesta Páscoa.
Consumidor não deve comprar por impulso, diz Procon
A diretora do Procon de Santo André, Doroti Cavalini, diz que o consumidor não deve deixar de lado a pesquisa de preços e de qualidade dos produtos de Páscoa, por mais que as delícias disponíveis no mercado sejam sedutoras. “A orientação é observar a etiqueta com os valores nutricionais, que teve ter a informação se há traços de produtos alérgicos ou glúten, além da data de validade”.

Doroti diz que mesmo que o produto seja artesanal as informações devem constar da embalagem do produto. “Os ovos artesanais custam, em média 20% menos, mas também devem conter essas informações”, explica. “Os ovos que trazem brinquedos junto, devem apresentar etiqueta do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) aferindo a idade para qual o item é indicado”.
A compra pela internet também pode ser vantajosa, mas o Procon orienta que ela pode trazer situações para as quais o consumidor deve estar atento. “É preciso verificar as condições do frete. O chocolate deve ficar em temperatura de 18Cº. Ao abrir tem que ver se o chocolate está muito duro ou se está esbranquiçado, isso demonstra que ele não foi armazenado nas condições ideais”.
Se a compra é feita por transformadores, os chamados chocolateiros, a diretora do Procon recomenda comprar de pessoas conhecidas. “Se possível, fazer uma degustação antes, perguntar qual é a marca da matéria prima usada e visitar a cozinha onde os chocolates são manipulados. Comprar de conhecidos ou buscar indicações é sempre uma boa maneira de comprar, economizar e estimular a economia local”, completa Doroti Cavalini.