Desde 2015, o Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS (Universidade de São Caetano do Sul) avalia a quantidade de poluentes em rios e córregos no ambiente urbano, além da atual situação da área que cerca os corpos d’água da região. As avaliações atuais mostram que, por conta da invasão do ambiente urbano, houve mudança no regime de chuvas e até mesmo na capacidade de armazenamento dos reservatórios do ABC.
Em entrevista ao RDtv, a bióloga e coordenadora do Projeto IPH, Marta Angela Marcondes, comenta que desde o inicio do projeto, todos os relatórios de qualidade foram disponibilizados para o poder público e sociedade, a fim de se tornar referencial na criação de políticas públicas que pudessem resultar em melhorias nos rios e córregos da região, apesar disso, poucas mudanças e ações efetivas foram realizadas.
No Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, celebrado na quinta-feira (16/03), o objetivo é que haja maior diálogo e conscientização com a população acerca desse tema e sobre quais ações podem ser desempenhadas para diminuir o agravamento dos impactos das mudanças climáticas.
Marta comenta que por mais que o meio urbano tenha sido criado para o conforto da humanidade, fortes impactos foram registrados no meio ambiente, principalmente, em relação ao agravamento das mudanças no clima. “Quando colocamos concreto em um ambiente, temos sérios problemas com temperaturas, com escoamento de chuvas e é exatamente isso que estamos sofrendo agora”, explica.
Um dos principais fatores que contribuem para o agravamento das mudanças climáticas são os chamados poluentes atmosféricos, que nada mais são que do que gases e partículas sólidas (poeiras, pós e fumos) resultantes das atividades humanas e de fenômenos naturais dispersos no ar atmosférico. Entre eles, estão os gases e partículas expelidos por veículos e indústrias, e também aqueles oriundos da degradação da matéria orgânica, vulcanismos e outros fenômenos naturais.
A bióloga destaca que boa parte das mudanças climáticas podem ser associadas ao consumismo desenfreado, resultante da necessidade criada pelo capitalismo de sempre querer algo novo, mesmo sem precisar. “A produção excessiva de novos produtos acaba causando o descarte incorreto daqueles produtos que são considerados antigos e, este descarte feito de forma incorreta acaba em aterros sanitários, lixões e até em rios e reservatórios, liberando gases que causam grandes mudanças no clima”, comenta.
O consumismo desenfreado se baseia não na carência, mas na vontade incontrolável de comprar e, segundo a bióloga, os jovens são os que mais realizam esta prática. Marta acredita que a melhor maneira de conscientizar a nova geração sobre a questão, é dar exemplo para os mais novos. “Não adianta pedir certas coisas para uma criança ou um adolescente se você mesmo não faz. É importante trabalhar com processos de educação, ensinando os pequenos como uma pequena ação pode impactar na vida do planeta, mostrando a importância dos rios e dos reservatórios e tornar tudo mais simples para que eles possam entender”, finaliza.