Em pleno mês que se celebra o Dia Internacional da Mulher (8 de março), quem precisa realizar exames preventivos enfrenta longas filas em algumas cidades do ABC. Em Rio Grande da Serra, quem busca o exame de mamografia precisa aguardar, pelo menos, 30 dias na fila, enquanto para o exame de ultrassom transvaginal, indicado principalmente quando a paciente apresenta sangramentos ou anormalidades, o tempo de espera chega a 7 meses.
Em nota, a Prefeitura de Rio Grande da Serra revela que em 2021 foram agendados 1.023 exames de mamografia na cidade e outros 40 transvaginal. Já em 2022, foram agendadas 1.094 mamografias e 2.304 transvaginal, que segue sendo realizados.
As filas gigantes também se repetem em São Caetano. Quem precisa realizar o ultrassom transvaginal através do SUS (Sistema Único de Saúde) precisa aguardar, pelo menos, 30 dias para ser chamado para realizar o procedimento. Segundo a Prefeitura, são cerca de 1,6 mil pacientes que aguardam na fila para realizar o exame.
Já em Diadema, a Prefeitura assume existir filas para a realização dos exames, mas não informou quantas pacientes estão na fila. Em nota, a administração diz adotar “várias medidas para atender a demanda no tempo correto, mas o tempo é variado, uma vez que são priorizados aqueles casos com potencial risco à saúde do paciente”. Em 2022 houve aumento de 36% na realização de exames, em um total de 11.056 procedimentos, sendo mamografia, com 8.314 e ultrassom transvaginal, com 2.742 exames.
Sem filas
Ribeirão Pires, Mauá e São Caetano informam que zeraram as filas para o exame de ultrassom transvaginal e mamografia. Juntas, as três cidades contabilizam 11.899 exames de ultrassom transvaginal realizados em 2022, e outros 20.859 exames de mamografia.
Livre demanda
Em São Bernardo, o exame de mamografia é ofertado por livre demanda para a faixa etária de 50 a 69 anos, por meio da Unidade Móvel de Mamografia, que, desde 2019, percorre todos os bairros da cidade com oferta do procedimento. Além disso, o exame é disponibilizado também na Policlínica Centro.
Já o ultrassom vaginal é oferecido na Policlínica Alvarenga e Policlínica Centro. Por critérios clínicos, alguns exames são realizados no máximo em uma semana. Para os demais, a espera não ultrapassa 30 dias.
Prevenção
Em entrevista ao RD, o diretor de Medicina na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e ginecologista, Sergio Makabe defende que o poder público deve exercer ações efetivas, a fim de zerar as filas dos procedimentos. “Deve haver mutirões de mamografia ou ultrassom. O sistema público precisa adquirir mamógrafos e aparelhos de ultrassom para atender a demanda, e além disso é necessário realizar campanhas para sensibilizar as pacientes”, diz.
Makabe explica, ainda, como é realizado o exame transvaginal e a importância de realizar o exame anualmente. “O exame é realizado para analisar o útero, as trompas e ovários. O objetivo é detectar alterações da camada interna do útero que pode apontar ou não câncer de endométrio”, explica ao citar que o procedimento também analisa os ovários e se há presença de cistos ou nódulos que precisam ser investigados. “Por isso o exame é importantíssimo. Realizar o diagnóstico precoce é a melhor forma de prevenir maiores problemas”, enfatiza.