ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Piscinão Jaboticabal está em 30% e Estado ‘estica’ prazo de conclusão em um ano

Obras do Piscinão Jaboticabal tinham previsão de entrega este ano, mas estimativa foi revisada para 2024. (Foto: Governo do Estado de São Paulo)

O governo do Estado que desde o início da obra do Piscinão Jaboticabal estimava entregar o equipamento até julho deste ano, agora, prevê concluir as intervenções somente no segundo semestre de 2024. Segundo o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), autarquia estadual responsável pela obra, só 30% das intervenções estão prontas. Para chegar ao percentual foram necessários 14 meses de trabalho. Enquanto a obra não fica pronta, a região continua castigada pelas enchentes. Pelo menos três pessoas já morreram no ABC desde o início desta temporada de chuvas fortes.

A obra do maior piscinão do Estado teve início em 27 de dezembro de 2021, com a meta de minimizar as enchentes nas divisas entre a Capital, São Caetano e São Bernardo. A obra é realizada em um grande terreno bem no encontro dos Ribeirões dos Couros e dos Meninos. Quando pronto o Jaboticabal terá capacidade de reservação de 900 milhões de litros, evitando ou ao menos minimizando as enchentes que ocorrem na Rodovia Anchieta, em São Paulo; na avenida Guido Aliberti,  em São Caetano; e no Rudge Ramos, em São Bernardo.

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Diferente do que vem sendo divulgado desde o início da obra o prazo inicial de julho deste ano não é mais considerado. Em nota, o Daee informa que a demora é devida à judicialização das desapropriações de partes do terreno, porém essa situação já fazia parte dos comunicados do governo que, mesmo considerando essas situações, previa entregar a obra este ano. “O novo cronograma, definido ainda na gestão passada, prevê a entrega no segundo semestre de 2024, em razão da judicialização das desapropriações na área do reservatório”, diz agora a autarquia paulista.

Segundo o Daee, atuam no canteiro de obras do Jaboticabal cerca de 150 trabalhadores. “Nesta etapa ainda ocorre a escavação, a implementação de medidas para contenção do solo e de paredes nas bordas”, relatou o departamento, em nota. O Estado investe R$ 323 milhões para construir esse piscinão que vai ocupar uma área de 123 mil metros quadrados. Estudos do governo apontam que, quando pronto, ele vá beneficiar 500 mil pessoas nas três cidades.

Além de custarem caro e ocuparem enormes áreas, que em geral não terão outra utilidade, os piscinões não são considerados solução, mas uma medida emergencial para o problema da ocupação das áreas de várzea dos rios que sofrem com as enchentes. Em recente entrevista ao RD, a especialista em hidráulica e drenagem urbana, a professora da UFABC (Universidade Federal do ABC) Melissa Cristina Pereira Graciosa, os piscinões não devem ser considerados uma alternativa perene, mas uma solução de emergência.

“É como uma ponte de safena em um paciente infartado, dá uma sobrevida, mas não é solução definitiva. Os fenômenos climáticos extremos estão cada vez mais frequentes e as cidades cada vez mais impermeabilizadas e ocupando as várzeas dos rios, por isso quando um piscinão está pronto a sua capacidade de armazenar já está defasada. É preciso olhar o modelo de urbanização que não pode continuar como está, ocupando áreas de várzea sem planejamento, não se pode atuar só na remediação. Eu vejo essa urgência de se mudar os modelos, mas a movimentação não acontece na mesma velocidade;  o tempo está contra nós”, analisa a professora.

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