Nos últimos anos, os aparelhos eletrônicos ganharam ainda mais espaço na vida das pessoas. As telas são utilizadas para estudo, trabalho, diversão, manter contato com quem está longe, acompanhar notícias entre outras atividades. No entanto, é importante se atentar aos riscos do uso excessivo de celulares, tablets e computadores.
De acordo com o médico Cleber Furlan, responsável pela área de Ortopedia do Hospital Christóvão da Gama, de Diadema, problemas decorrentes do uso de eletrônicos já ultrapassam aqueles provocados pelo trabalho na indústria. O uso contínuo e mais frequente de celulares e outras telas, especialmente por crianças e jovens, tem alterado o perfil dos atendimentos de lesões por esforço repetitivo (LER) no ABC.
Segundo o ortopedista, o perfil do paciente mudou muito nos últimos 10 anos. “Atualmente atendemos adultos jovens, na casa dos 20 anos, com diagnóstico de artrose, um desgaste prematuro das articulações, que era muito mais comum em indivíduos de 40 a 50 anos que trabalhavam nas indústrias da região”, destaca.
Recomendações
Furlan reforça que, para evitar problemas assim, é necessário que seja feita reposição de postura, mudar a maneira que utiliza o aparelho. “Tentar ficar com a coluna reta ao usar o computador, utilizar outros dedos, além do polegar para mexer no celular, e deixar o celular na altura dos olhos, de forma a evitar a angulação da cabeça que pode causar problemas sérios na coluna são medidas importantes”, comenta.
Além da mudança do perfil, a área tratada também é outra. Os trabalhadores da indústria normalmente apresentavam desgaste nas articulações de ombro, braço, coluna e joelho, em razão da atividade. Nos dias de hoje, os problemas mais frequentes são de dores na região lombar (parte baixa da coluna) devido a postura em cadeiras, na região cervical (parte superior da coluna), em razão da postura, e de tendinite nas mãos, especialmente no polegar. Além disso, há um aumento de casos oftalmológicos, uma vez que a visão também é afetada por conta do uso das telas.
Uso excessivo de telas
Ao RD, o oftalmologista e professor de oftalmologia do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Renato Leça, ressalta que o maior problema que o uso constante de telas pode causar é chamado de síndrome de visão de computador. ”É uma espécie de cansaço visual associado ao uso prolongado do computador e de outras telas, como celular e tablet. Quando se usa muito estes aparelhos, além da radiação ultravioleta e da luz azul, até o sono pode ser prejudicado”, explica.
O oftalmologista conta que a pandemia aumentou muito o número de atendimentos e pacientes com problemas causados pelo uso frequente das telas. “Quando me formei, a miopia parava de aumentar aos 18 anos e continuava da mesmo maneira para sempre, mas hoje em dia, o grau de miopia aumenta constantemente e em todas as idades. A miopia é o problema mais comum causado pelo uso de aparelhos eletrônicos, porque a condição diminui a capacidade de enxergar de longe e, ao forçarmos a vista para enxergar o celular que está próximo, prejudicamos a nossa visão para objetos mais distantes”, diz.
Leça destaca que, para evitar problemas de visão causados pelo uso constante de computadores e celulares, é necessário aumentar a distância entre os olhos e o aparelho em questão. “Outra alternativa é não ficar tanto tempo em frente ao aparelho e aqueles que precisam ficar devem, a cada 20 minutos, olhar para um objeto que esteja a cinco metros ou mais de distância por 20 segundos”, orienta.