Para atacar impacto das chuvas, ideias precisam sair da gaveta, diz academia

Defesa Civil de São Caetano realiza treinamento para resgate de vítimas presas em enchentes (foto Eric Romero/PMSCS)

A temporada de chuvas torrenciais começou e as equipes da Defesa Civil entram em alerta. São sete cidades, com particularidades diferentes, umas com encostas, outras com rios e córregos e ou com conglomerado urbano em áreas propícias a deslizamentos de terra. Mas a professora Marta Marcondes, bióloga, coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), diz que falta execução dos projetos.

Explica que há um plano com coordenação nacional repassado para os estados, que por sua vez, repassam para os municípios que aplicam localmente ações de mitigação de tragédias ou incidentes. “Estas transformações começam com o conhecer a cidade e suas áreas de várzea, assim como a infraestrutura e ocupação de áreas de forma pensada e regular”, afirma Marta Marcondes.

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O assunto é delicado, afinal entra ano e sai ano, os problemas se repetem e os prejuízos, tragédias e vítimas se somam com o passar do tempo.  “O poder público transfere a responsabilidade”, afirma Fernando Nogueira, geólogo e professor associado e pesquisador do Laboratório de Risco da UFABC (Universidade Federal do ABC) .

Para o geólogo, as obras são pensadas para o hoje e nunca para o amanhã. Com isso, problemas, principalmente nos fundos de várzeas do rio, que absorviam as águas, se transformaram em grandes corredores de veículos”, aponta.

Nogueira lembra que governar é se antecipar aos problemas e para isso é preciso planejamento, orçamento, urbanização e gestão de risco. “É preciso organizar os territórios e mobilizar a sociedade”, afirma. Para o geólogo da UFABC, a população tem sua parcela de culpa ao descartar lixo ou outros matérias em locais inapropriados.

As condições climáticas são outros fatores que elevam os riscos. Mas se há planejamento e gestão com foco no futuro, as ocorrências tendem a diminuir. No geral há má gestão pública”, afirma o professor.

Estrutura

Em São Caetano, a Defesa Civil monitora por meio de câmeras o volume de água nos rios e córregos. As imagens, em tempo real, chegam para equipes no  Centro de Gerenciamento de Emergências, que mobilizam equipes em casos de emergência. Os agentes recebem treinamentos constantes e envolvem diversos setores, como a própria Defesa Civil, Secretaria de Mobilidade Urbana, Guarda Civil Municipal e atiradores do Tiro de Guerra.

Como prevenção, o Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) realiza limpeza periódica de bueiros, com ênfase nas áreas de risco, o que permite o escoamento adequado das águas pluviais, além de atualizar o PCM (Plano de Contingência Municipal) em situações de sinistros, com delimitação das principais áreas que podem ter ocorrências devido às chuvas no período.

Os riscos estão nas margens do Ribeirão dos Meninos (bairros Nova Gerty, Jardim São Caetano, Mauá, São José, Cerâmica e Centro) e do rio Tamanduateí (Fundação e Prosperidade).  As ações de prevenção se estendem na coleta diária do lixo e vistorias nas estruturas de rios, ruas, avenidas e residências.

Operação Pé D’Água

São Bernardo também realiza ações para reduzir os impactos causados pelas chuvas. Com a Operação Pé D’água, faz mutirões preventivos de informação e de planos de ação para casos de escorregamentos, alagamentos e inundações, em regiões mapeadas como áreas de riscos. A operação envolve também força-tarefa para atender às demandas, sobretudo sociais, para preservar vidas e atender os moradores nestas áreas. A iniciativa se soma a ações de combate às enchentes, como o Piscinão do Paço, contenções de encostas e canalização de córregos.

Diadema possui na Defesa Civil 11 servidores e um engenheiro civil, mas o número de agentes pode aumentar em caso de emergências, com a prerrogativa de mobilizar profissionais e equipamentos de outras áreas da Prefeitura e, até mesmo, de instituições privadas.

Para mitigar incidentes, a Prefeitura diz que orienta a população a adotar medidas preventivas e acionar o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil em casos de emergências. Além disso, orienta sobre a importância de não jogar lixo nas ruas, córregos ou rios, manter limpo quintais, bueiros para escoamento da água da chuva, desobstruir ralos e calhas, não bloquear passagem de água das casas acima da sua, ensacar bem o lixo e colocar em local alto como caçamba/lixeira e se ameaçar chover forte, evite sair desnecessariamente.

Outra cidade quem diz estar preparada para fortes chuvas é Ribeirão Pires, onde as principais ocorrências são alagamentos e quedas de árvores. Algumas orientações são repassadas à comunidade com frequência pela Defesa Civil, como evitar os enfrentamentos às enxurradas, e para se proteger de raios, orienta a procurar abrigo seguro e ficar longe de árvores e áreas descampadas. A qualquer sinal de vulnerabilidade para deslizamento de encosta, a Defesa Civil orienta que o local seja evacuado imediatamente. Árvores, postes e cercas inclinadas indicam movimentação de terra. A mobilização dos agentes pode envolver até 40 profissionais.

Chamamento público

Em Rio Grande da Serra, a Defesa Civil aguarda chamamento do concurso público para compor a equipe, no entanto, a diz contar com apoio do Corpo de Bombeiros e das secretarias de Serviços Urbanos, Obras, Meio Ambiente e Cidadania.

A equipe é treinada para atender as mais diversas ocorrências, no entanto, as mais comuns na cidade são quedas de árvores, deslizamentos e alagamentos em pontos fora da região central. Além disso, diz que segue com monitoramento constante das áreas vulneráveis e suscetíveis a riscos e emite alertas à população.

Santo André informa que tem como as principais intercorrências o deslizamento de terra, a inundação e queda de árvores ou galhos. Para reduzir riscos, diz que emite alertas e leva orientações de como a população deve proceder em casos de sinistro, além disso, equipes de toda a Municipalidade estão de plantão 24h para o atendimento das emergências.

Além das orientações, Santo André diz que tem colocado em prática ações de monitoramento climático e meteorológico, emissão de alertas, vistorias preventivas e de monitoramento de áreas de riscos, ações de limpeza e manutenção de equipamentos da drenagem.

A Prefeitura de Mauá não respondeu à reportagem.

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