ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Vacina continua eficaz contra sublinhagens da ômicron detectadas no ABC

Vacinas ministradas no país são eficazes em garantir que a covid-19 não traga sintomas mais graves (Foto: Dino Santos/PMD)

Na última semana o Centro Universitário da Faculdade de Medicina do ABC confirmou o registro de três casos de covid-19 derivados da nova subvariante BQ.1, dois deles das linhagens BQ 1.1.17 e BQ 1.18, ainda não registradas no Brasil. Os casos foram encontrados em pacientes de Santo André e São Caetano. A preocupação é se as vacinas atuais continuam eficazes. Para especialistas ouvidos pelo RD a resposta é sim, os imunizantes continuam a prevenir casos graves e óbitos pela doença.

O Laboratório de Análises Clínicas iniciou o sequenciamento genômico do vírus em 2021 e retomou o trabalho diante do aumento de casos do novo coronavírus verificado desde outubro. Na região ainda prevalecem os casos da variante BA.5. Os testes foram feitos com pacientes que haviam apresentado sintomas leves de covid.

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Para Beatriz da Costa Aguiar Alves, pesquisadora e coordenadora do setor de Biologia Molecular do laboratório da FMABC, as mutações, no entanto, não significam situações mais graves da doença. “As pacientes apresentaram sintomas gripais muito leves e de curta duração; acredito que os sintomas são os mesmos do que os das outras sublinhagens de ômicron em circulação e dependem muito do estado geral do paciente, status vacinal etc”, analisa.

Para Beatriz, são necessários muitos mais testes para entender o avanço destas novas subvariantes e ainda não é possível saber se elas vão superar a BA.5. “Difícil responder; segundo dados do Butantã, as variantes mais prevalentes no momento em São Paulo são BQ.1.1 (75%), BQ.1 (19%) e XBB.1 (6%); assim, se seguirmos o que aconteceu na Capital, teremos um aumento destas três sub-variantes por aqui também. Não sabemos como estas novas sub-variantes vão se comportar aqui frente às outras. Teremos que sequenciar muito mais amostras para acompanhar o trânsito das sub-linhagens”, afirma.

Sobre a eficácia das vacinas ministradas no País, a opinião da pesquisadora da FMABC é a de que não há estudos que provem que elas não são eficientes. “Estas sublinhagens já são frequentes na Europa e não houve preocupação com relação à eficácia das vacinas”, diz Beatriz.

Elaine Matsuda reforça que as vacinas previnem os sintomas mais graves da covid-19 (Foto: Reprodução)

A infectologista do Centro Médico de Especialidades de Santo André, Elaine Matsuda, também avalia que a descoberta das novas subvariantes na região não diminui a eficiência das vacinas já ministradas no País. “Elas continuam eficazes em prevenir óbitos. Temos um aumento importante de casos sem que aumentem os óbitos na mesma proporção. O que temos visto são mais casos sintomáticos. As vacinas disponíveis hoje no Brasil não são atualizadas, mas se mostram eficazes, em breve deveremos ter disponível a bivalente, esta sim atualizada”, diz.

Porém, a médica atenta para uma nova situação, causada pela menor gravidade dos casos. “Um grande número de pessoas com sintomas leves não faz o teste e, desta maneira, não entra nas estatísticas”, aponta a infectologista.

A taxa de positividade dos testes chegou a 75% na região, número equiparável ao dos períodos mais graves da pandemia. A pesquisadora e a infectologista reforçam a importância das medidas de prevenção, como uso de máscara e a vacinação. No pior momento da pandemia, a taxa de positividade nunca se passou de 75%. “Assim, diante do que já vimos, não acredito que a taxa possa aumentar. Mas vale ressaltar que as medidas de prevenção ainda são nossas maiores aliadas para manter estes números em baixa”, analisa Beatriz.

Elaine Matsuda ressaltar que a vacina não protege de pegar a doença, somente a máscara e o distanciamento é que diminuem os riscos de adquirir a covid-19. “A vacina previne internações e mortes. Quem não está com as quatro doses deve correr e quem for elegível deve tomar o terceiro reforço, a quinta dose”, completa.

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