Nesta sexta-feira (02/12) é celebrado o Dia Nacional do Samba. Em Diadema, a lei municipal nº 3.450/2014 foi criada para integrar a data ao calendário oficial do município. Coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Diadema, Marcia Damaceno destaca que o samba, assim como todas as manifestações culturais e religiosas afrodescendentes, sofre ainda hoje com o racismo estrutural alicerçado na sociedade.
O samba, a capoeira, as religiões de matrizes africanas, todas eram vistas como algo ruim, depreciativo, com direito a perseguição ostensiva da polícia. “Em relação à palavra samba, alguns estudiosos como Nei Lopes, sambista, escritor e autor de vários livros, como a Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, afirma que ela vem do verbo semba, do idioma quimbundo de Angola, da cultura do povo bantus. Semba significa umbigada, um movimento corporal dirigido ao par, como convite para entrar na dança”, completa.
O samba (ou semba ou batuque) já nasceu polêmico e teve no decorrer do tempo a divisão da obra entre as elites e as classes populares. “O samba sai dos terreiros, dos fundos de quintal das tradicionais casas das tias baianas, desce o morro das favelas e sobe as escadarias dos teatros municipais das grandes cidades com apresentação de uma melodia romântica ao gosto das elites”, afirma. “E por outro lado temos os núcleos favelados onde se organizam os sambas para escolas de samba”, diz.
Ao longo do tempo o samba se afirmou como patrimônio simbólico de originalidade africana, se tornou o ritmo musical negro de maior popularidade no Brasil, que arrasta multidões de pessoas e sendo referência do País em qualquer parte do mundo. Em cada região do Brasil existem diversas denominações do samba, com estilos musicais diferenciados, como samba-lenço, samba de roda, samba-rock, samba de raiz, samba de partido alto, samba carioca, samba paulista, samba da Bahia, samba de gafieira, samba pagode e o último o samba enredo que embala os desfiles das escolas de samba.
Diversos artistas contribuíram para que o samba se tornasse patrimônio cultural do Brasil. Alguns exemplos são Pixinguinha (1897-1973); Cartola (1908-1980); Noel Rosa (1910-1937); Clementina de Jesus (1901-1987); Dona Ivone Lara (1922-2018;) Beth Carvalho (1946-2019); Leci Brandão, Arlindo Cruz, entre outros. Em 2005, o samba de roda se tornou obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade pela Unesco. Esta manifestação brasileira foi o primeiro gênero musical do país a receber este título.