
A Fundação Anne Sullivan, unidade educacional para crianças, jovens e adultos com surdocegueira, surdez, paralisia cerebral/deficiência física, deficiência múltipla e TEA (Transtorno do Espectro Autista) moderada ou severa, instalada em um prédio circular no bairro Santa Maria, em São Caetano, vai encerrar as atividades educacionais em breve.
No entanto, o fim das atividades está atrelado, segundo o RD apurou, a um projeto que envolve o aprimoramento dos serviços ofertados por meio de um complexo da pessoa com deficiência, inclusive com atendimento clínico. A insegurança, claro, assusta pais de alunos que são atendidos ou poderiam ser acolhidos na unidade. Desde meados de 2020, a Fundação Anne Sullivan não recebe mais matrículas.
Último
Marcello Patelli foi o último pai a matricular a filha na unidade Anne Sullivan. “Mudei para a cidade em 2020 e minha filha passou por todas as avaliações da equipe multiprofissional da Prefeitura, mas nunca deram respostas. Até que no final daquele ano me ligaram para saber o fato de eu não ter realizado a matrícula, expliquei a situação e a vaga dela foi aberta em 2021”, diz.
Informação
Magali Aparecida Bianezzi, mãe de uma criança de cinco anos com TEA moderado, procurou o Conselho Tutelar para saber em qual escola poderia realizar a matrícula e foi então orientada a procurar a Fundação Anne Sullivan. Lá na unidade teve o pedido negado. “Eles disseram que não estavam mais matriculando, pois talvez seria fechado”, conta.
A mãe procurou as outras duas opções na cidade após recorrer à Secretaria de Educação, no entanto, ambas só aceitam crianças a partir de seis anos. Magali está preocupada, pois por conta de lei é obrigada a matricular o filho na escola, mas a pergunta que não quer calar, “aonde?”. “Liguei na Seeduc para perguntar o que tenho que fazer e recebi a informação de que não tem mais escola para criança especial”, diz.
Segundo Magali, escolas regulares não conseguem atender seu filho, pois a criança não consegue ficar com muita gente na sala ou em ambiente fechado por muito tempo.
O que diz a Prefeitura
Em nota a Prefeitura confirma a construção do complexo, o que garantirá uma melhora na prestação do serviço. “Está em projeto de construção o Complexo Municipal de Atenção à Pessoa com Deficiência, que representará um grande salto nas políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, tratando inclusive doenças raras. O movimento que aconteceu com a escola Anne Sulivan é fruto de políticas que entendem que as crianças têm o direito de estar em escolas regulares, se assim os familiares entenderem. Não é uma escolha em detrimento da outra. Há ainda excelentes escolas especiais que atendem os estudantes de São Caetano, conveniadas com a Prefeitura, uma opção de escolha totalmente gratuita para as famílias. O diálogo foi instaurado para que esse caminho possa ser construído em conjunto. Existem possibilidades sendo ofertadas e um projeto de acompanhamento para que nenhum direito seja negligenciado”, diz a Prefeitura.
Por fim, a Municipalidade ainda esclarece que “nenhuma criança ficará desassistida”.
Requerimento
O vereador César Oliva (PSD) afirma buscar assinaturas junto aos pares para protocolar na Câmara requerimento de informações sobre a real situação da Fundação Anne Sullivan. O parlamentar lembra que o Ministério Público segue com apuração preliminar para identificar possíveis falhas no atendimento educacional voltado às pessoas com deficiência.