
Atraso no desenvolvimento da fala, dificuldade na compreensão de textos ou na forma de se expressar, erros na soletração e ortografia entre outros fatores podem indicar a presença de algum transtorno do neurodesenvolvimento. O mais conhecido é a dislexia.
O transtorno afeta habilidades básicas de leitura e linguagem, sendo considerado um transtorno específico de aprendizagem com sintomas que prejudicam o avanço acadêmico dos estudantes. “A atenção deve ser redobrada a qualquer sinal de dificuldade no desenvolvimento da criança ou adolescente. É nessa fase que os primeiros sinais se manifestam e o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento rápido”, destaca o psiquiatra Vinícius Pedreira, professor de Medicina da Unime Lauro de Freitas.
Normalmente classificados como leve, moderado ou severo, os graus de dislexia, apresentam características semelhantes e afetam a leitura e escrita, atingindo por vezes o campo oral. Celebridades como Lewis Hamilton, Steve Jobs e Tom Cruise estão no grupo de 17% da população mundial que sofre ou sofreu algum grau de dislexia.
Em 16 de novembro é oficialmente celebrado o Dia Nacional de Atenção à Dislexia e o psiquiatra explica que muitas pessoas identificam os sinais quando já adultas. Com o surgimento de casos e abordagem do tema, os mais velhos têm buscado os consultórios médicos e a confirmação surge.
Causas
As causas estão relacionadas a fatores genéticos, com origem na alteração cromossômica, transmitida de forma hereditária. estão relacionadas com fatores genéticos, desenvolvimento tardio do sistema nervoso central, problemas nas estruturas do cérebro e comunicação pouco eficaz entre alguns neurônios.
O cérebro do portador tem dificuldades para associar os sons às letras, comprometendo a junção interpretativa das sílabas que gera a formação de palavras. A barreira também se apresenta na associação entre os conceitos e símbolos matemáticos interferindo na resolução de seus significados. Como em qualquer ação do corpo humano, os atos de ler e escrever percorrem vários caminhos no cérebro. Esse percurso no cérebro do disléxico sofre desvios e gera dificuldades.
Pesquisa desenvolvida na Escócia, recentemente divulgada na revista científica Nature Genetics, em outubro deste ano, apresentou 42 variações genéticas que podem estar ligadas à dislexia. Antes desse trabalho, não havia evidências sobre os genes responsáveis pela condição. Com o estudo, cerca de um terço dos genes analisados (anteriormente já relacionados ao Transtorno de Déficit de Atenção — DHA) foram diretamente apontados como implicativos para o desenvolvimento normal cerebral, levando a sintomas característicos da dislexia.
Diagnóstico
A tarefa de identificar a condição é multidisciplinar e envolve psiquiatra da infância ou neuropediatra além de relatos de profissionais que possam sinalizar déficits em atividade escolares, como o psicopedagogo ou fonoaudiólogo. Testes criteriosos, análise do quadro clínico e histórico da criança são fontes de dados extremamente relevantes. Pais professores e demais pessoas que acompanham a rotina diária do possível portador devem e podem relatar as dificuldades vivenciadas ou encontradas pelas crianças bem como observar o grau de desenvolvimento de cada faixa etária.
O médico ressalta que devem ser observados os seguintes sintomas:
- Dispersão
- Falta de atenção
- Atraso da fala e linguagem
- Dificuldade em aprender rimas e canções
- Atraso na coordenação motora
- Falta de interesse por livros
- Desorganização contínua.