Grammy sofre vingança de ‘geração mimada’ e é boicotado por três grandes nomes

O Grammy 2023 está em alerta. A um mês da divulgação dos indicados – a lista com os nomes será liberada em 15 de novembro – ao menos três artistas de vulto esnobam a premiação e prometem não enviar seus trabalhos para entrarem no páreo dos melhores. É uma experiência nova para o Grammy, acostumado a ser o centro do universo da música pop e a atrair os olhos e os desejos no mundo. Ao que indicam as poucas informações dadas pelos desistentes, no entanto, não há causas com potencial de prejuízo maior além de egos feridos e algum revanchismo. A onda que se ergueu contra a premiação é formada, por enquanto, pelo rapper Drake, pelo popstar The Weeknd e pelo duo Silk Sonic, formado por Anderson .Paak e Bruno Mars.

Anderson e Mars, que já levaram quatro estatuetas no passado pelo hit Leave The Door Open, se pronunciaram à revista Rolling Stone: “Nós realmente colocamos tudo de nós nesse disco, mas Silk Sonic gostaria de graciosamente e humildemente e, mais importante, sexualmente, desistir de enviar nosso álbum este ano. Esperamos que possamos celebrar com todos esse ótimo ano na música e participar da festa. Obrigado por deixarem Silk Sonic triunfar”, soltou Mars.

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“Andy e eu”, disse Mars, “vencemos no momento em que o mundo respondeu a Leave The Door Open. Todo o resto foi apenas a cereja no bolo. Nós agradecemos ao Grammy por nos permitir tocar na sua plataforma e nos premiar na cerimônia passada. Seríamos loucos de pedir qualquer coisa a mais”, acrescentou. Uma explicação que não explica muita coisa e que tem ao menos uma incógnita dentre os motivos da debandada: “sexualmente”. Seria a acusação de sexismo entre os dirigentes? Como Mars não explica, ficam as especulações.

Com The Weeknd, a razão da desistência é mais clara. No ano passado, seu álbum After Hours, mesmo sendo bem recebido pelos críticos e com ótimas posições nas paradas, não entrou na disputa. Weeknd ficou sabendo de fontes nada oficiais que seu nome deveria ficar de fora das indicações naquele ano e bateu boca com a instituição, colocando em dúvida a lisura do colegiado e alguma espécie de voto impresso ou coisa que o valha. Weeknd acabou falando sozinho e, de birra e sem muita maturidade, resolveu boicotar a edição de 2023, não inscrevendo seu belo álbum Dawn FM.

Quanto a Drake, não se sabe muito o que o fez abrir mão de participar do prêmio. Ele apenas divulgou que havia tomado a decisão ao lado de seu empresário, e ponto. Um fato é que seu descontentamento vem de longe. Em 2017, ele criticou a academia por nomear Hotline Bling nas categorias de rap, apesar de insistir que seu hit era uma música pop. Qual a chance de uma academia que chama a música brasileira até hoje de world music reconhecer os detalhismos do rapper, ou seria popstar?. Em algum momento, traços geracionais dos jovens trintões – não admitir um não, guardar rancor de quem se mostra indiferente às suas “genialidades” e dar de ombros a instituições que seus pais dariam a vida para participar – iriam se chocar com a suntuosidade dos símbolos da velha ordem, algo que o Grammy luta para não se tornar.

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