ABC - quinta-feira , 9 de maio de 2024

Polarização entre Lula e Bolsonaro domina processo eleitoral, aponta Ivan Fernandes

A campanha eleitoral entra no último dia do primeiro turno com o cenário muito parecido com o que ocorria ainda na fase pré-eleitoral. A polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) dominou o processo por todo o tempo. Em entrevista ao RDtv nesta sexta-feira (30/09), o professor de Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), Ivan Fernandes, comentou sobre os motivos que fixaram estes dois nomes que dominam noticiário político.

Ivan também comentou da possibilidade das chuvas criarem um cenário de abstenção que pode levar a eleição presidencial para o segundo turno (Foto: Reprodução)

Ivan alerta que Lula e Bolsonaro contam com alguns componentes que criaram um cenário atípico nesta campanha de 2022. Para o especialista, ambos são líderes populares que conseguiram organizar e mobilizar milhões de pessoas, e assim dominaram com facilidade deste cenário.

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“Claro que os partidos políticos e as lideranças políticas buscaram criar outros caminhos dentro desse processo. A chamada ‘terceira via’ ficou ao longo dos últimos dois anos tentando se viabilizar. A própria candidatura do Ciro Gomes (PDT) que em alguns momentos era da terceira via, em outro momentos estava mais próximo da esquerda e em outros momentos estava mais próximo da direita”, contextualiza o professor.

Mesmo com as tentativas, Ivan Fernandes aponta que Lula e Bolsonaro conseguiram dominar 85% do eleitorado, sendo que a maioria está convicta no voto que dará no próximo domingo (02/10). Está estabilidade acabou marcando a disputa presidencial.

“Teve alguma mudança nas expectativas eleitorais, nas intensões de voto em abril e maio, quando o governo Bolsonaro conseguiu melhorar um pouco a sua aprovação com a população em geral. Mas de lá para nós vimos algumas movimentações das pesquisas, as pessoas brigando com as pesquisas também, mas na verdade você vê uma grande estabilidade”, explica.

Até o momento a maioria das pesquisas não conseguem avistar um cenário claro para que a disputa presidencial termine ainda no primeiro turno. Tal situação criou uma visão mais aguçada nos indecisos e também nos eleitores de Ciro e Simone Tebet (MDB), os dois postulantes com melhor desempenho fora da bolha.

Para Ivan, Ciro não conseguiu se viabilizar dentro do campo da esquerda, pois o especialista considera que o PT conta com uma organização de décadas que impede tal situação. Sobre Simone, o entendimento é de que a senadora não conquistou um cenário claro entre os eleitores e partidos que não queriam apoiar a polarização. Inclusive, o professor discorda da emedebista que entende que conseguiu unir os partidos de centro, independente do resultado eleitoral.

Para o Senado, apesar das pesquisas apontarem um cenário de reflexo da disputa lulista e bolsonarista entre Márcio França (PSB) e Marcos Pontes (PL), Ivan ainda considera que seja melhor aguardar, pois este voto será o último que o eleitor vai decidir.

Em relação ao Governo do Estado, Fernando Haddad (PT) segue na frente, enquanto Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) disputam a segunda vaga no segundo turno. Para Ivan, apesar da pequena vantagem de Freitas, Garcia conta com a máquina do Estado, o que pode trazer uma base de apoio grande.

Porém o especialista pondera. Considera que caso o PSDB perca uma hegemonia de 28 anos no comando do Palácio dos Bandeirantes, o partido poderá virar uma “legenda de terceira divisão”.

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