A campanha eleitoral entra no último dia do primeiro turno com o cenário muito parecido com o que ocorria ainda na fase pré-eleitoral. A polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) dominou o processo por todo o tempo. Em entrevista ao RDtv nesta sexta-feira (30/09), o professor de Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), Ivan Fernandes, comentou sobre os motivos que fixaram estes dois nomes que dominam noticiário político.
Ivan alerta que Lula e Bolsonaro contam com alguns componentes que criaram um cenário atípico nesta campanha de 2022. Para o especialista, ambos são líderes populares que conseguiram organizar e mobilizar milhões de pessoas, e assim dominaram com facilidade deste cenário.
“Claro que os partidos políticos e as lideranças políticas buscaram criar outros caminhos dentro desse processo. A chamada ‘terceira via’ ficou ao longo dos últimos dois anos tentando se viabilizar. A própria candidatura do Ciro Gomes (PDT) que em alguns momentos era da terceira via, em outro momentos estava mais próximo da esquerda e em outros momentos estava mais próximo da direita”, contextualiza o professor.
Mesmo com as tentativas, Ivan Fernandes aponta que Lula e Bolsonaro conseguiram dominar 85% do eleitorado, sendo que a maioria está convicta no voto que dará no próximo domingo (02/10). Está estabilidade acabou marcando a disputa presidencial.
“Teve alguma mudança nas expectativas eleitorais, nas intensões de voto em abril e maio, quando o governo Bolsonaro conseguiu melhorar um pouco a sua aprovação com a população em geral. Mas de lá para nós vimos algumas movimentações das pesquisas, as pessoas brigando com as pesquisas também, mas na verdade você vê uma grande estabilidade”, explica.
Até o momento a maioria das pesquisas não conseguem avistar um cenário claro para que a disputa presidencial termine ainda no primeiro turno. Tal situação criou uma visão mais aguçada nos indecisos e também nos eleitores de Ciro e Simone Tebet (MDB), os dois postulantes com melhor desempenho fora da bolha.
Para Ivan, Ciro não conseguiu se viabilizar dentro do campo da esquerda, pois o especialista considera que o PT conta com uma organização de décadas que impede tal situação. Sobre Simone, o entendimento é de que a senadora não conquistou um cenário claro entre os eleitores e partidos que não queriam apoiar a polarização. Inclusive, o professor discorda da emedebista que entende que conseguiu unir os partidos de centro, independente do resultado eleitoral.
Para o Senado, apesar das pesquisas apontarem um cenário de reflexo da disputa lulista e bolsonarista entre Márcio França (PSB) e Marcos Pontes (PL), Ivan ainda considera que seja melhor aguardar, pois este voto será o último que o eleitor vai decidir.
Em relação ao Governo do Estado, Fernando Haddad (PT) segue na frente, enquanto Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) disputam a segunda vaga no segundo turno. Para Ivan, apesar da pequena vantagem de Freitas, Garcia conta com a máquina do Estado, o que pode trazer uma base de apoio grande.
Porém o especialista pondera. Considera que caso o PSDB perca uma hegemonia de 28 anos no comando do Palácio dos Bandeirantes, o partido poderá virar uma “legenda de terceira divisão”.