Apresentados por meio do plano de governo enviado à Justiça Eleitoral ou a partir de entrevistas, sabatinas e propagandas na TV, os compromissos assumidos pelos candidatos ao governo de São Paulo vão de impostos congelados e devolvidos a mutirões de cirurgias, conclusão de obras de mobilidade atrasadas, cartão para compra de alimentos, bilhete único para as cidades da Grande São Paulo, ampliação do crédito para o microempreendedor e planos de recuperação da aprendizagem.
Em comum a todos, projetos prioritários para geração de emprego, melhorias na educação e saúde e reforço na segurança pública. Como de costume nas últimas eleições estaduais em São Paulo, parte das promessas incluem obras atrasadas de mobilidade, como linhas de metrô e o Rodoanel; ampliação da rede de restaurantes do Bom Prato (agora com a novidade de um cartão para compra de alimentos); projetos de parceria com a iniciativa privada em obras de habitação, saneamento e penitenciárias; e investimento em escolas de tempo integral e técnicas, além de expansão da telemedicina no Estado.
Fernando Haddad
O candidato do PT se compromete, no plano de governo apresentado à Justiça Eleitoral, a combater as desigualdades que, segundo ele, foram agravadas pelo quadro de carências sociais e de destruição do mercado de trabalho. O ex-prefeito da capital afirma que, se eleito, trabalhará para, desde o primeiro dia de governo, retomar políticas que gerem emprego e renda tanto em caráter emergencial como estrutural. Haddad também pretende congelar o IPVA por quatro anos.
Na área da Segurança Pública, sua meta é enfrentar o crime organizado, em especial o tráfico de drogas, por meio de uma parceria entre as polícias estaduais, o Ministério Público e a Receita Federal.
Tarcísio de Freitas
Candidato ao Palácio dos Bandeirantes pelo Republicanos, Tarcísio de Freitas tem destacado suas propostas na área de logística e emprego para se fazer conhecido no Estado. No plano apresentado à Justiça Eleitoral, o ex-ministro de Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro afirma que busca um “Estado de economia eficiente, com as contas equilibradas e que valorize as pessoas”.
Ao longo de 43 páginas de propostas, Tarcísio se compromete a finalizar obras paradas ou atrasadas de gestões anteriores, investir em tecnologia e numa política social que seja também sustentável do ponto de vista fiscal. Na Educação, o candidato que ampliar o Programa Forças no Esporte (PROFESP) em parceria com as Forças Armadas para atividades de ensino em tempo integral em escolas municipais e estaduais.
Rodrigo Garcia
No cargo desde março deste ano, o atual governador de São Paulo definiu investimentos em educação e geração de empregos como prioritários em um eventual segundo mandato. Candidato à reeleição em outubro, o tucano apresentou à Justiça Federal um plano de governo com 46 páginas, no qual elenca medidas a serem tomadas nas principais áreas. Garcia quer criar um programa de devolução do imposto pago por famílias pobres. Na Saúde, o plano o governador é implantar a TeleAME, que irá ofertar telemedicina em especialidades para pacientes da rede básica de saúde dos municípios, evitando deslocamentos e agilizando o diagnóstico.
Vinicius Poit
Deputado federal em primeiro mandato, Vinicius Point afirma ser candidato ao governo de São Paulo para dar prioridade à educação, destravar o empreendedorismo, digitalizar a saúde e dar inteligência à segurança pública, além de proteger o cidadão mais vulnerável, entre outras metas.
Na Segurança Pública, Poit pretende apoiar a implantação da Guarda Municipal nos municípios paulistas, com recursos do Fundo Estadual de Segurança Pública.
Elvis Cezar
Prefeito de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, por dois mandatos, o candidato do PDT ao governo, Elvis Cezar, promete realizar uma “gestão inovativa – 360º” se eleito. No plano apresentado à Justiça Eleitoral, ele elenca 12 pilares para recuperar o crescimento, investir em saúde, educação, economia e segurança. Cezar pretende gerar 1 milhão de empregos no primeiro ano de mandato.
Para a educação, o candidato quer aumentar as vagas no Ensino Médio, ampliando a escola de tempo integral e estimulando a formação técnico-profissional.
Distintos nos discursos, candidatos ao governo de SP têm planos parecidos
Apresentados ao eleitor paulista como opções às vezes antagônicas, os candidatos mais bem colocados na disputa estadual têm mais em comum do que mostram as propagandas eleitorais. Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) propõem soluções bastante semelhantes – se não iguais – para parte dos problemas de São Paulo.
Em comum estão, por exemplo, a defesa da ampliação dos ensinos profissionalizante e integral, o uso mais frequente da telemedicina, a facilitação da oferta de crédito a empreendedores, a revisão de contratos de concessão das rodovias paulistas e o investimento em novas tecnologias para as polícias Militar e Civil.
A redução das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) que incide sobre alimentos é outra proposta encontrada nos planos de candidatos de oposição a Garcia. O aumento anunciado em agosto de 2020 pelo então governo de João Doria (PSDB) para alimentos e medicamentos genéricos foi suspenso em 2021 após forte repercussão negativa, mas deixou impacto.
Na época, Doria afirmou que não tomaria nenhuma medida em prejuízo das classes menos favorecidas, mas a suspensão não atingiu toda a cadeia alimentar, proporcionando aumento sobre alguns itens, como frutas, verduras e legumes.
IMPOSTO
Agora, a duas semanas da eleição, Haddad promete zerar o imposto sobre alimentos e carne, além de congelar o IPVA pelos próximos quatro anos. Já Tarcísio afirma que vai reduzir o ICMS de itens de consumo diário, como alimentos, transporte, telefonia e internet. Por sua vez, Garcia diz que pretende devolver o imposto estadual pago por famílias cadastradas no CadUnico que participem do programa Nota Fiscal Paulista, por meio da criação de uma espécie de “cashback”.
Os três primeiros colocados nas pesquisas também prometem ampliar o ensino profissionalizante como forma de aumentar a formação dos jovens e inseri-los no mercado de trabalho, assim como investir em telemedicina para tentar reduzir as filas da saúde.
PEDÁGIOS
Bastante citada pelo candidato Elvis Cezar, a renovação dos contratos de concessão do sistema Anhanguera-Bandeirantes no último dia do governo Doria – e sem qualquer tipo de redução nos valores cobrados de pedágio – também virou munição para outros adversários de Garcia. Os ex-ministros Haddad e Tarcísio concordam em rever os contratos e trabalhar pela redução dos valores pagos.
Na área de transportes, a ampliação de linhas de metrô e trens é comum a todos os candidatos, assim como a conclusão de obras paradas, como o trecho norte do Rodoanel. Vinicius Point defende de forma enfática projetos de parceria com a iniciativa privada para avançar de forma mais rápida na construção, por exemplo, do trem intercidades, promessa dos governos tucanos.
Haddad propõe ainda a criação de um bilhete único metropolitano, de quatro horas de duração, para interligar os sistemas estadual e de diversas cidades da Grande São Paulo. Já Garcia fala em estender linhas de metrô para cidades vizinhas, como Taboão da Serra.
SEGURANÇA PÚBLICA
Área sensível para os governos tucanos e principal bandeira bolsonarista, a segurança pública também é citada de forma parecida nos programas de governo apresentados à Justiça Eleitoral. Em geral, os candidatos prometem investimentos em tecnologia e capacitação para ampliar o poder de investigação da Polícia Civil, afirmam que vão suprir gradativamente o déficit de efetivo da Polícia Militar e, ainda, melhorar os salários pagos com a adoção de novos planos de carreira.
Tarcísio é o único que abertamente afirma ter a intenção de rever o programa de instalação de câmeras nos uniformes de parte dos batalhões da Polícia Militar. Polêmico, porém efetivo – a letalidade policial caiu 77% -, o programa é criticado por parte do efetivo, que acusa haver falta de privacidade e risco durante ações.