
Na manhã desta quarta-feira (14/09) um adolescente de 15 anos foi esfaqueado por um colega de 16, dentro da Escola Estadual Therezinha Sartori, na Vila Noêmia, em Mauá. A agressão teria ocorrido após uma briga entre os alunos. A vítima foi socorrida, medicada e passa bem.
A briga teria acontecido por volta das 7h30 quando uma funcionária do colégio procurou a sede da GCM (Guarda Civil Municipal) que fica em frente a escola para relatar a briga entre alunos e que um deles teria sido ferido por golpes de faca. O agressor tentou fugir do local, mas dois guardas conseguiram detê-lo e ele foi levado juntamente com o pai ao 1° Distrito Policial de Mauá, onde o caso foi registrado.
O menor esfaqueado foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levado para o Hospital Dr. Radamés Nardini com ferimentos na cabeça e na mão. Segundo informou a prefeitura de Mauá, em nota, o jovem passou por todos os exames, recebeu os cuidados necessários, como sutura, curativos e medicação e, após período de observação, foi liberado. A polícia solicitou exame de corpo de delito para a vítima.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), a arma do crime foi localizada. Com o adolescente autor da agressão foram encontrados uma faca e um estojo deflagrado de munição que estavam em uma mochila. Os objetos foram apreendidos para perícia.
Ainda de acordo com a SSP, na delegacia o autor confessou que agrediu o colega. “Ao ser questionado, o infrator relatou que teve um desentendimento dias antes com a vítima e acabou o atingindo com a faca”, disse a pasta de segurança em nota. Depois do registro da ocorrência o menor de 16 anos foi encaminhado para a Fundação Casa, ficando à disposição da Justiça. O caso foi registrado como ato infracional de tentativa de homicídio.
Mediação
A Seduc (Secretaria Estadual de Educação) informou que as famílias dos estudantes serão inseridos em um programa de acompanhamento e mediação. “A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) repudia toda e qualquer tipo de agressão. Imediatamente após os fatos, o agressor foi contido e a equipe da unidade escolar acionou o serviço de emergência para o atendimento ao aluno agredido. O caso será inserido na Plataforma Conviva SP – Placon, que acompanha o registro de ocorrências escolares na rede estadual de ensino, além disso, um Boletim de Ocorrência está sendo registrado. Os responsáveis pelos estudantes serão convocados para uma reunião de mediação. A escola oferece o atendimento pelo Programa Psicólogos na Educação, se autorizado por seus responsáveis. As aulas na unidade continuam ocorrendo normalmente”.
Segurança
Para o advogado especialista em direitos humanos e membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro Alves, faltam recursos para as escolas públicas. “De fato, falta estrutura nas escolas para prevenir essas situações. O governo do Estado, nos últimos quatro anos, acabou com o programa de professores mediadores. Esses educadores verificavam as situações de conflitos antes que se concretizassem em agressões. As escolas precisam garantir uma atenção mais individualizada aos alunos, inclusive para identificar situações de bullying, violência doméstica, alunos com problemas psiquiátricos e envolvimento dos alunos com atos infracionais ou gangues”, analisa.
Alves diz ainda que o Estado não cumpre lei 13.935, de 2019 que trata da obrigatoriedade de psicólogos e assistentes sociais nas escolas. “Além dos professores mediadores, as escolas devem ter quantidade adequada de monitores – inspetores, coordenação pedagógica com disposição de atender os estudantes, psicólogos e assistentes sociais. As escolas precisam implantar imediatamente a lei que está em vigor desde 2020, que trata da obrigatoriedade de psicólogos e assistentes sociais nas escolas das redes públicas. Essa lei deveria ser colocada em prática em 11 de dezembro de 2020, mas o que se verifica é que não foram realizados concursos públicos com essa finalidade e esses profissionais não foram contratados”.
Segundo Ariel de Castro Alves a pandemia afetou o desenvolvimento das crianças e adolescentes e esse apoio social e psicológico é ainda mais necessário. “A pandemia gerou ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos e há necessidade das crianças e adolescentes reaprenderem a conviver coletivamente, já que ficaram quase dois anos isolados de convivência escolar e social”, analisa o advogado.