Livros amarrados com barbante, alguns com indicações de descarte, cobertos de poeira e fezes de pombos, em meio a goteiras, poças de água e sem acesso ao público, essa é a situação do acervo da biblioteca de Ribeirão Pires, que foi denunciada pelo Conselho de Políticas Culturais da cidade. Após duas mudanças em poucos anos o acervo da biblioteca está em um depósito no Parque Oriental e o conselho acredita que seja possível, numa negociação com a prefeitura, a criação de uma força tarefa para salvá-lo.
A biblioteca, que funcionava na antiga Fábrica de Sal, primeiro foi transferida para o Complexo Ayrton Senna, depois todo o acervo foi transferido para o Parque Oriental. Numa vistoria feita no local o conselho encontrou o acervo dividido em montes de livros, alguns deles com indicação de “descarte”. “O descarte era de 20 mil livros patrimoniados que conseguimos reduzir para 4 mil, mesmo assim não sabemos quais são os critérios. Por força de lei o conselho tem que ser ouvido. Fizemos cinco ofícios para o prefeito Clóvis Volpi (PL) e não recebemos nenhuma resposta”, relatou Waleria Volk, conselheira da Comissão de Artes Editoriais no Conselho de Políticas Culturais de Ribeirão Pires.
Durante a posse do Conselho, na segunda-feira (05/09) os integrantes fizeram um protesto silencioso, com cartazes pedindo a volta da biblioteca para o Centro, que a administração pare com o descarte de livros. “A Rosi (Ribeiro de Marco – secretária de Educação e Cultura) nos disse entre maio e junho que não faria mais nada sem antes consultar o conselho, e agora vemos esses livros separados para descarte. Tem até livros em braile. Agora ela disse que vai formar uma comissão bipartite, então estamos, de novo, dando mais um voto de confiança de que, essas reuniões bipartites vão resolver”, diz Waleria.
Na próxima segunda-feira (12/09) o conselho terá sua primeira reunião ordinária e a pauta será a biblioteca. “Queremos propor uma força tarefa para colocar a biblioteca no antigo Sesi, que transformaram em quartel da guarda municipal. Ali daria para montar uma boa estrutura, num prédio histórico, que tem espaço para ações também da Emarp (Escola Municipal de Artes de Ribeirão Pires) que está sem espaço. Teria lugar para um palco para teatro, para contação de histórias e daria até para licitar espaço para um café. Biblioteca sem atividades não funciona”, explica a conselheira.
A prefeitura de Ribeirão Pires foi procurada pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta reportagem.