Mais de 40 adolescentes cometem suicídio diariamente no Brasil no período pós pandemia, um crescimento de 20% se comparado ao período anterior ao estouro da covid-19. É o que afirma a psicóloga e professora do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA), Lilian Guimarães, em entrevista ao RDtv, nesta sexta-feira (2/9). A especialista reforça que este crescimento é ainda mais notável com o retorno às aulas, já que os adolescentes tiveram que se reacostumar com o convívio em sociedade.
Lilian ressalta que é possível observar gatilhos e ações no dia-a-dia que podem ajudar a identificar se o adolescente está deprimido . “Normalmente a adolescência é um período marcado pela turbulência, as oscilações de humor e até a reclusão. Mas se esta reclusão foi cada vez maior e o adolescente não quer sair do quarto ou de casa e nada faz ele mudar de ideia sobre esta reclusão, pode ser um grande alerta para um possível caso de depressão ”, diz.
Outro sinal reforçado pela especialista são as dores de cabeça e no corpo constantes. A psicóloga explica que é muito difícil um adolescente pedir ajuda caso ele esteja se sentindo triste ou ansioso e, esta tristeza e ansiedade podem resultar em dores frequentes. “O primeiro caminho é levá-lo ao médico, mas muitas vezes o médico investiga e não acha uma causa. Esta dor ‘sem causa’ pode vir deste sentimentos tristes e da ansiedade, já que os adolescente estão muito ligados às mudanças no corpo”, expõe.
Lilian acrescenta que o suicídio não acontece de uma hora para a outra, ele dá sinais, Normalmente, a pessoa que se suicida, planeja o ato com antecedência e, é neste planejamento, que as pessoas em volta deste adolescente podem perceber os alertas. “É importante sempre conversar com o adolescente para saber se eles já pensam sobre o suicídio, porque se já pensavam a chance dele se suicidar é muito maior”, informa.
Desde 2014, a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o CVV (Centro de Valorização da Vida) organizam, em todo território nacional, a campanha Setembro Amarelo, para chamar atenção sobre suicídio, um problema de saúde pública. Para a especialista, a melhor maneira de reforçar a prevenção em relação ao suicídio é o investimento em rodas de conversas, a explicitação do suicídio em grandes mídias como forma de alertar sobre os riscos e gatilhos que podem levar uma pessoa a se suicidar. “Estes programas devem ser inclusos em escolas, para que os adolescentes e crianças que estão com estes sentimentos possam saber e entender como superar isto e, sempre, utilizar da fala para expor aquilo que está sentindo. Quanto mais se fala a respeito, mais se diminui estes suicídios, porque o adolescente irá perceber que alguém o entende”, explana.