São Caetano e São Bernardo fazem parte da caminhada de Dom Pedro I, de Santos até o Ipiranga, de acordo com o sociólogo e escritor, José de Souza Martins. A estrada de Lorena, caminho seguido pelo príncipe regente do Brasil, em 7 de setembro de 1822, passava por um trecho que, na época era considerado parte de São Caetano, mas hoje faz parte de São Bernardo.
Em entrevista ao RDtv, o escritor explica que, durante a caminhada, Dom Pedro precisou parar neste trecho do ABC já que estava passando mal, e ordena que parte da sua guarda se adiantasse e o esperasse na Casa do Grito, como é conhecida hoje. “O príncipe fica com pouquíssimas pessoas ao seu lado e, algumas destas pessoas escreveram depoimentos sobre o dia. Estes depoimentos mostram que houve intensa movimentação entre este ponto em São Bernardo e a corrida até o Ipiranga. Há uma ‘coreografia’ da independência que se dá na nossa região”, afirma.
Martins reforça que, na época, São Caetano terminava no chamado Córrego do Moinho Velho, onde hoje está a Avenida Tancredo Neves e, neste longo trecho, se dá uma encenação do que poderia acontecer quando eles chegassem ao Ipiranga. “Em 1822, o que conhecemos hoje como ABC não existia, apesar de ser uma região populosa. A área não tinha administração, nem vida política, além de ser predominantemente uma região de escravos e indígenas que foram libertados em 1757, que permaneceram nas terras graças a uma decisão dos monges que tomavam conta das fazendas que formavam a região” explicita.
O escritor acrescenta, ainda, que em todas as imagens feitas de Dom Pedro durante o grito da Independência, ele foi retratado usando fardas em uma tentativa de criar nova versão da proclamação. “Ele estava vestido com uma fardeta azul da polícia, segundo o Padre Belchior, que era a pessoa que estava mais próximo de Dom Pedro naquele momento. Ele também estava montado em uma mula ao invés de um cavalo. O próprio príncipe regente imaginou o famoso quadro de Pedro Américo, que está hoje no Museu do Ipiranga e, por isso, a pintura está muito diferente do que realmente foi”, ressalta.
Sobre a restauração do Museu do Ipiranga, Martins expõe que sempre foi um frequentador do local e que a reforma foi muito benéfica para o museu, que abrirá neste 7 de setembro para o público. “Ele está muito diferente do que era, está muito maior, foi instalado um grande auditório embaixo da escadaria de acesso, além de uma lanchonete, uma café e a biblioteca. Todo a infraestrutura necessária para ser tornar um grande museu moderno, incluindo escada rolante para facilitar o acesso de idosos e cadeirantes então, a reforma está aprovadíssima”, finaliza o escritor.