O Hospital de Clínicas de São Bernardo, que passa por estudo de estadualização, vai fechar as contas este ano graças a um aporte do governo do Estado, no valor de R$ 80 milhões. A informação é do secretário municipal de Saúde, Geraldo Reple Sobrinho, que falou sobre o assunto e sobre como anda a saúde da cidade em entrevista ao RDTv desta quarta-feira (17/08).
Ao ser perguntado sobre o assunto pelo jornalista Carlos Carvalho, Reple Sobrinho adotou o tom de que, ao menos por enquanto, a prefeitura consegue manter o andamento do hospital sem transferi-lo para o Estado. “Até cogitamos [a estadualização], mas a gente teve uma grata surpresa. A deputada Carla Morando (PSDB) nos ajudou e recebemos, numa parceria com o Estado R$ 80 milhões, e com isso nós conseguimos fechar o orçamento deste ano e não interromper nenhum serviço do Hospital de Clínicas”, disse o secretário.
Sem o recurso a situação do HC se complicaria este ano, razão pela qual o prefeito Orlando Morando (PSDB) se articulou no sentido de buscar uma solução para o problema que é financeiro já que a unidade médica atende moradores de outras cidades além de São Bernardo. O governador Rodrigo Garcia (PSDB) chegou a visitar o local assim que foi nomeado para o cargo. Agora com a verba o hospital segue sob gestão municipal. “Isso para nós foi a tábua da salvação. O hospital está funcionando totalmente e com esses recursos a gente conseguiu continuar tudo a contento. Então vamos continuar com o Hospital de Clínicas e vamos ampliar. Estamos ampliando também as cirurgias eletivas para zerar essa fila nos próximos meses”, disse Reple Sobrinho.
Desafios
Falando da Saúde de uma forma geral na cidade, Geraldo Reple Sobrinho disse que a cidade, como tantas outras, enfrenta o desafio de dar conta da demanda de serviços que ficaram reprimidos durante a pandemia, porque as pessoas deixaram de sair de casa e porque houve uma concentração de forças contra a covid-19. “As pessoas ficaram muito tempo em casa, não foram às consultas médicas e o desafio é tentar botar em dia o que ficou para trás. Temos uma série de atividades, um esforço concentrado em mutirões para resolver todo esse volume de exames e consultas. Governo federal e Estado fazem o mutirão de cirurgias, e São Bernardo faz parte; são 54 procedimentos eletivos em que nós estamos correndo atrás, ampliando cirurgias. No Estado são mais de 600 mil cirurgias represadas e nós fazemos parte desse complexo”, conta.
Outro desafio colocado na mesa da Secretaria de Saúde é o da vacinação contra a covid-19. “Tem muita gente que ainda não completou o esquema vacinal, estamos aguardando vacinas para as crianças maiores de três anos então a saúde é um desafio diário”. E os novos desafios não param de aparecer, como o da varíola dos macacos. “A todo o momento tem que correr atrás de apagar um incêndio. Quanto a gente pensou que ia começar a tratar as pessoas que tiveram covid e tiveram sequelas, aparece uma nova doença a Monkeypox e a Grande São Paulo está com uma contaminação exponencial. Existe uma vacina no mundo, mas aqui ainda não chegou e existem alguns medicamentos, mas nós ainda não temos disponível no Brasil então é desafio em cima de desafio”, disse o secretário.
Medicamentos
Outra dificuldade diária em que a saúde tem que se concentrar é como conseguir os medicamentos já que muitos estão faltando, principalmente os mais simples e usados para a cor como a dipirona. ”Abrimos vários pregões e ninguém nem apresenta proposta. Temos dificuldade hoje de comprar dipirona e alguns antibióticos também estão em falta. Nós estamos comprando, independente se está mais caro, isso não é o limitador, a gente não gostaria é que faltasse, mas tem faltado. E aí sim eu acho que é um reflexo da guerra e dessa situação que estamos passando. O Brasil não produz o produto essencial da droga, a base dos produtos ou o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) como a gente pode chamar. Isso é tudo importado e qualquer coisa que acontece, não chega, isso é um problema mundial. Um remédio simples (dipirona), mas não tem no mercado. Isso mostra fragilidade nossa, do quanto somos dependentes do exterior. Aconteceu com as máscaras, com ventiladores, respiradores, luvas, isso mostra a dependência que se tem hoje, num mundo globalizado”, analisa Reple Sobrinho.
O secretário disse que, apesar da falta de medicamentos, isso não vai atrapalhar o mutirão de cirurgias. “No pico da pandemia faltavam medicamentos para intubação e são os mesmos medicamentos que usamos para fazer a anestesia nas cirurgias, graças a Deus isso está equacionado e não temos dificuldades nisso. O que temos dificuldades são os analgésicos, os medicamentos que vão se usar no pós-operatório. Nós temos tentado substituir por outros só que quando você começa a consumir demais passa a ter dificuldade. Mas isso não tem sido um empecilho as cirurgias estão transcorrendo normalmente. Não paramos com as de urgência nem as oncológicas, não paramos em nenhum momento. E agora estamos dando esse incremento nas cirurgias eletivas que ficaram represadas”, disse.
Novidades
Neste mês de agosto, em que se comemora o aniversário de São Bernardo diversas ações e entregas de equipamentos de saúde estão previstas. Está em andamento o mutirão de cirurgias odontológicas que tem meta de atender mais de 3 mil pessoas. Nesta quarta-feira (17/08) foi entregue a nova Policlínica Alvarenga, que saiu do prédio da UBS (Unidade Básica de Saúde) e se instalou junto da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro. “É um espaço maior, mais confortável, nesse espaço em que estamos criando um grande complexo. Lá a gente tem a UPA, o CAPs (Centro de Atenção Psicossocial), tem o Atende Bem que é da secretaria de administração, e temos um centro de especialidade odontológica e agora a Policlínica, então nós vamos ter um aumento da oferta de consultas e exames especializados em 40%. Estamos levando esse equipamento mais próximo da população. Essa obra era para acabar em outubro e conseguimos antecipá-la, ganhamos dois meses. De onde ela saiu, da UBS do Alvarenga que é grande, mas o bairro é muito grande, tem muita gente, então a UBS será ampliada e essa adaptação será entregue em dois ou três meses”, disse Geraldo Reple Sobrinho.
A prefeitura vai entregar também a UPA Alves Dias que foi toda reformada. O telhado teve que ser reconstruído após a queda de uma árvore sobre o prédio. “A nossa previsão é inaugurar ela ainda esta semana, toda reformada, trocamos o telhado e fizemos uma reforma completa . Não deixamos de atender, a UBS continuou atendendo a noite e agora vamos entregar a UPA Alves Dias muito melhor. O Hospital da Mulher está em obra e vamos entregar uma série de reformas, a UBS Alves Dias e Nazareth isso faz parte do nosso planejamento”, anuncia.
Poliomielite
No sábado (20/08) começa a campanha de multivacinação, com destaque para a vacina contra a poliomielite, doença que estava extinta mas recentemente um novo caso surgiu nos Estados Unidos. Todas as UBSs vão estar abertas neste sábado para ministrar a vacina contra a pólio como também a atualização das carteiras de vacinação com outros imunizantes. “Leve seu filho, leve a carteirinha e qualquer vacina que estiver desatualizada nós faremos. Os mais velhos, quando na escola sempre tinha um amigo que teve poliomielite, já os pais mais jovens não conviveram com isso, depois que pegar não tem mais jeito então tem que fazer a prevenção que é vacinar. As crianças devem receber as primeiras doses nos primeiros meses de vida e depois alguns reforços ao longo da vida”, destaca o chefe da pasta de Saúde.
Reple Sobrinho destaca o esforço da prefeitura nesta campanha de multivacinação. “Eu faço um apelo, quando se abre uma UBS num dia diferente é como se pagasse hora extra para todo mundo, é o município que paga. As equipes vão estar lá, então, por favor, leve seus filhos, vá você também, estamos com muito atraso ainda na vacina da covid-19 então a gente faz esse apelo, não só para esse sábado, temos 21 unidades que trabalham até às 22h na semana”, finalizou o secretário.